Esta semana, inesperadamente, a Argentina pagou um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional, o FMI, sem o uso de dólares. O pagamento, no valor equivalente a US$ 2,7 bilhões, foi feito usando a moeda yuan chinesa e notas especiais de crédito. Segundo analistas, a hegemonia do dólar americano está sofrendo pressão crescente à medida que países buscam alternativas à moeda.
O Ministério da Economia da Argentina disse que o pagamento, embora seja o primeiro desse tipo feito pelo país, foi feito em moeda chinesa para preservar as reservas cada vez menores em dólares nos cofres do Banco Central argentino.
A nação latino-americana, que passa por uma grave crise econômica, além de dívidas astronômicas, voltou-se para o yuan como um meio de ajudar a estabilizar a situação. Recentemente, Argentina e China assinaram um acordo de troca de moeda no valor de 130 bilhões de yuans, o equivalente a US$ 19 bilhões, em meio à queda nas exportações, que já causou prejuízos de US$ 20 bilhões.
Raízes da Crise
A Argentina e o FMI chegaram a um acordo em 2022 para reestruturar a dívida argentina no valor de US$ 44 bilhões.
O FMI havia aprovado um empréstimo de US$ 57 bilhões, primeiramente, para dar alívio monetário ao governo do agora ex-presidente Mauricio Macri em 2018. No entanto, o atual presidente Alberto Fernandez chamou os empréstimos de “imprudentes“, “tóxicos e irresponsáveis”. Desse modo, após sua eleição em 2019, Fernandez pediu ao FMI que não transferisse o restante do valor do empréstimo, citando a escassez de dólares nos cofres do país para pagá-lo.
Enquanto isso, a crise econômica da Argentina atingiu patamares alarmantes, com a inflação chegando a 110%. Igualmente, a pobreza atinge 40% da população, mesmo com o crescimento do PIB, de 1,3% ao ano.
As reservas internacionais de moeda forte diminuíram para cerca de US$ 28 bilhões, a menor desde 2016, enquanto o governo atual tenta sair do imenso buraco econômico. Contudo, uma equipe do Ministério da Economia deve viajar a Washington nos próximos dias para dar continuidade às negociações com o FMI.
Ao mesmo tempo, o Banco Central do país anunciou que os bancos menores seriam autorizados a oferecer contas em yuan.
Por consequência, a Argentina se candidatou ao BRICS. Outrossim, no mês passado, a mídia noticiou que Buenos Aires pode ser elegível para ingressar no Banco de Desenvolvimento dos BRICS já em agosto. Ao mesmo tempo, a proposta, apresentada pelo Brasil, é discutida na África do Sul.
Inegavelmente, é sabido que o bloco está trabalhando em uma nova moeda que serviria efetivamente como uma importante alternativa ao dólar no comércio global.