A Coreia do Norte é uma nação que é conhecida, especialmente hoje em dia, como um regime autoritário, com capacidades nucleares desconhecidas e intenções geopolíticas não muito claras. Trata-se, no entanto, de um país tão secreto que quase ninguém sabe exatamente o que acontece da fronteira pra dentro.
O atual líder norte-coreano, famoso por suas incontáveis ameaças ao ocidente e seu penteado impecável, é um verdadeiro showman. Quando não está lançando mísseis ao acaso para manter todos nós impressionados com sua grandeza, ocupa-se em organizar festivais de dança sincronizados com milhares de participantes. Kim Jong Un parece querer mesmo mostrar ao mundo que, na Coreia do Norte, até o ritmo é militarmente perfeito.
É claro que, mesmo em meio a tanta rigidez, sempre surge uma notícia inesperadamente mirabolante sobre um evento curioso ou inusitado que aconteceu naquele país.
Esta é a impressionante história de como o regime norte coreano executou o roubo de… bem, 1000 veículos Volvos suecos.
Há 50 anos, direto do túnel do tempo
Apesar de uma economia em colapso e severas sanções internacionais, o país ainda exibe orgulhoso pelas ruas uma mistura curiosa de velhos veículos soviéticos e europeus, alguns carros de luxo importados e modernos modelos chineses. No meio dessa mistura toda, há um robusto grupo de Volvos 144, do ano de 1973.
Os Volvos são sobreviventes de uma frota de 1.000 carros que os norte-coreanos “adquiriram” da Suécia em meados da década de 1970.
Naquela época, a Coreia do Norte estava cheia de dinheiro soviético. Esse fornecimento constante de ajuda, além de uma economia industrial inegavelmente crescente, convenceu vários exportadores da Suécia a investir no país. Por isso, em 1974, o governo sueco concordou em enviar mais de US$ 70 milhões em maquinário pesado para a nação comunista, juntamente com o lote de 1.000 sedãs Volvo 144, para servir como táxis.
Um ano depois, com o aprofundamento dos laços econômicos entre os dois países, a Suécia se tornou a primeira nação ocidental a abrir uma embaixada em Pyongyang.
Maior roubo de carros da história
No entanto, infelizmente os bons tempos não iriam durar. A economia da Coreia do Norte começou a vacilar logo depois e, embora a Suécia tenha mantido relações diplomáticas com o país, os norte-oreanos nunca pagaram por todos aqueles Volvos. Segundo a agência americana NPR, os juros e multas sobre a dívida dos carros cresceram para impressionantes US$ 322 milhões nos últimos 40 anos.
Como informa a NPR, a Agência Sueca de Crédito à Exportação ainda envia lembretes semestrais a Pyongyang. A Coreia do Norte, no entanto, habilmente os ignora.
Hoje em dia, os Volvos não são tão onipresentes quanto antes na Coreia do Norte, mas alguns ainda são usados com seu propósito original. Nada indica, no entanto, que a Suécia receberá seu dinheiro ou seus carros de volta tão cedo.
Surpreendentemente, os suecos não parecem se importar. Em um tweet destacando um dos carros “roubados”, a própria embaixada sueca parecia mais chocada com o meio milhão de quilômetros rodados pelo veículo do que com a sua apropriação indevida.
Fontes: NPR / The Drive / Twitter