A Guerra da Ucrânia se tornou uma verdadeira “guerra por procuração”, tanto para a OTAN quanto para os aliados da Rússia. Nesse contexto, o conflito ucraniano se tornou um verdadeiro campo de testes para fabricantes de armas, não apenas ocidentais, mas de todo o mundo.
A companhia russa KB Mashinostroyeniya, por exemplo, aumentou sua produção de armamentos em 250% desde o início do conflito, em 2022. A KB Mashinostroyeniya é famosa por seu sistema móvel de lançamento de mísseis balísticos de curto alcance, o 9K720 Iskanders.
Os produtores americanos de Javelins, HIMARS e Guided Multiple Launch Rocket Systems (GMLRS), também não ficam atrás. Esses fabricantes estão em uma verdadeira corrida contra o tempo para produzir mais armas, já que a Ucrânia consome esses equipamentos mais rápido do que os EUA podem fabricá-los.
Os fabricantes europeus, por sua vez, estão tentando recuperar o atraso, já que a base industrial do Velho Continente está ainda em frangalhos após décadas de subinvestimento.
O que nos leva a real pergunta: atualmente, quem são os cinco principais países que dominam a indústria global de armamentos?
Ranking geral: Estados Unidos na frente
Muitos países ao redor do mundo produzem armamentos excelentes, mas os cinco principais fabricantes que dão as cartas no mercado global de armas são:
- Estados Unidos
- Rússia
- França
- China
- Alemanha
Os EUA lideram a lista de fabricantes e exportadores globais de armamentos e equipamentos militares, de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute, o SIPRI. No período de 2018 a 2022, o país ostentava uma participação de mercado de 40% nas exportações internacionais desses itens. Segundo o SIPRI, um total de 41% dessas exportações foram para o Oriente Médio. Somente a Arábia Saudita responde por 19% das exportações de armas dos EUA.
Ao mesmo tempo, 23% das exportações americanas de equipamentos desse tipo foram para a Europa, principalmente para os parceiros da OTAN.
Atualmente, devido ao conflito ucraniano, o volume de suprimentos de armas dos EUA para a Ucrânia aumentou drasticamente.
Mas e a Rússia?
A Rússia está em segundo lugar nesse ranking, com uma participação de 16% no total das exportações globais. No período de 2018-2022, a Rússia entregou armamentos a pelo menos 47 estados.
Somente a Ásia e a Oceania responderam por 65% do total das exportações russas de armas, com a Índia e a China encabeçando a lista dos principais importadores. Estados do Oriente Médio receberam 17%; a África ficou com 12%.
De acordo com observadores internacionais, aviões de guerra e helicópteros de combate russos estão entre os principais itens de exportação do país, desde 1992. Nos anos de 2018 a 22, aeronaves de combate russas de última geração representaram 40% das exportações de armamentos do país.
A Rússia também é o principal fornecedor mundial de armas de baixa tecnologia e econômicas, como fuzis de assalto Kalashnikov, peças de artilharia rebocadas, obuses autopropulsados, lançadores de foguetes múltiplos autopropulsados, além de veículos blindados de transporte de pessoal, como o BMP-3 e o BTR-70.
Além disso, quando se trata de defesas aéreas, o S-300 e o S-400 da Rússia ainda são adversários formidáveis.
França a frente da China
A França é um produtor de armas maduro e já está desafiando a Rússia como o segundo maior exportador de armamentos. Segundo estimativas, no final de 2022, os franceses tinham mais encomendadas para exportação do que os russos.
Ao mesmo tempo, entre os anos de 2018 a 22, a França representou 11% do total global de exportações de equipamentos militares, o que foi 44% maior do que no período anterior. A maior parte das armas francesas foi para a Ásia e Oceania, cerca de 44%, e o Oriente Médio, aproximadamente 34%. Ao todo, a França entregou armas a pelo menos 62 estados nesse período, com os três maiores destinatários sendo a Índia, Catar e Egito.
Além disso, em 2022, a França fechou um acordo com a Indonésia para a entrega de 42 aeronaves de combate. Isso explica o aumento contínuo nas exportações francesas: vendas de calas Dassault Rafale, fabricados pela Dassault Aviation.
Indústria chinesa em ascenção
A China ficou em quarto lugar, com 5,2% do total das exportações globais entre 2018 e 22. A maioria das exportações chinesas de armas, cerca de 80%, foi para países da Ásia e da Oceania. Em geral, a China forneceu armas para 46 estados no período, com 54% dessas exportações indo apenas para o Paquistão. A nação é o principal cliente da China desde 1991.
No Sudeste Asiático, a China fornece armas principalmente para seis países: Mianmar, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia e Tailândia. Também vende armas para a África, em particular, a República Centro-Africana, Djibuti, Etiópia e Sudão. Não surpreendente, a América Latina é outro destino para as armas chinesas: Argentina, Bolívia e Venezuela são os maiores compradores desses equipamentos.
Além disso, a China emergiu recentemente como o maior exportador mundial de drones, em particular os modelos Wing Loong e CH-4.
Em quinto lugar, a Alemanha
A Alemanha respondeu por apenas 4,2% do total global de venda de armamentos no quadriênio de 2018 a 22, o que foi 35% menor do que o período anterior. A maior parte das armas alemãs foi para estados do Oriente Médio, cerca de 36%, Ásia e Oceania, 32%, e Europa, 20%. Os maiores clientes do país são Holanda, Estados Unidos e Reino Unido, além de Catar, Omã, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
As principais exportações da Alemanha incluem veículos de combate de infantaria, como o Puma e o Lynx. Obuses autopropulsados e tanques, principalmente o Leopard 2, também fazem parte do catálogo principal alemão.
Embora o conflito na Ucrânia tenha aquecido o mercado de defesa alemão, o país também enfrenta certas restrições, prejudicadas pela desindustrialização, recessão em curso e incerteza em relação ao futuro fornecimento de energia.
Fonte: Sputnik Globe / SIPRI