Os oficiais generais no último posto do Exército Brasileiro que servem no Distrito Federal não ocupam simples residências funcionais das cerca de 2 mil reservadas para oficiais da força terrestre no Planalto Central, eles são moradores de uma área considerada pelo próprio Exército como particularmente privilegiada, com várias facilidades e vigiada 24 horas por dia por membros de elite da força terrestre, especializados em segurança de instalações.
De acordo com o Exército Brasileiro, a localização é reservada e bem localizada, além de contar com algumas regalias interessantes e até um lago ornamental para peixes.
Diz o site da Prefeitura Militar de Brasília: “A Quadra Residencial de Generais (QRG) localiza-se no Setor Militar Urbano (SMU) nas proximidades do Quartel-General do Exército (QGEx), entre duas principais vias do SMU, Avenida do Exército e Avenida Duque de Caxias. Setor privativo e bem localizado, no qual residem Oficiais Generais de Exército e seus respectivos assistentes. Conta com um parque infantil, pista de cooper, quadras de tênis e vôlei, churrasqueiras e academia equipada para os moradores da quadra, além de um lago ornamental com peixes. A QRG tem uma localização privilegiada por estar próxima ao Clube de Oficiais, a praça Cívica do Quartel-General do Exército, conhecida como praça dos Cristais, o Oratório do Soldado e o Teatro Pedro Calmon.”
A área é carinhosamente conhecida como “Fazendinha” entre os militares, referindo-se à extensa área verde e à presença de árvores frutíferas e animais, como pavões, ali presentes.
A segurança rigorosa, obviamente implementada devido aos altos cargos militares ocupados pelos residentes, serviu para um propósito surpreendentemente no final de 2022. Parte da sociedade, insatisfeita com o resultado das eleições presidenciais, exortava a cúpula do exército a se manifestar ou tomar partido.
Os militares vinham emitindo opiniões e solicitando acesso aos dados do Tribunal Superior Eleitoral e com isso a sociedade acabou acreditando que as Forças Armadas seriam uma espécie de órgão fiscalizador do processo eleitoral. A alta segurança do condomínio dos generais foi o que não permitiu que a multidão insatisfeita com o resultados das urnas invadisse as residências dos altos chefes militares.
A reportagem do jornal Metrópoles, publicada em 14 de dezembro de 2022, descreve a situação: “Vestidos com camisetas da Seleção Brasileira e portando bandeiras, os manifestantes pediram “socorro” ao comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.“
Entretanto, o privilégio de residir em tal local não vem com um custo alto para os militares, diferente do que ocorreria com um funcionário público comum, o valor de fato pode ser considerado simbólico quando comparado ao valor do mercado imobiliário no Distrito Federal.
Para habitar nas mansões, denominadas de Próprio Nacional Residencial (PNR), os Generais de Exército – que têm um salário bruto na casa dos 33 mil reais – pagam um valor equivalente a 5% de seu soldo, que é o salário básico dos militares, sem as gratificações por cursos e por tempo de serviço. Isso significa que com um soldo de R$ 13.471,00 em 2023, um General de Exército atualmente desembolsa R$ 673,00 mensalmente por todas as comodidades e segurança proporcionadas para quem habita na Quadra dos Oficiais Generais.
Extremamente restrito, por questões de segurança poucas fotografias existem do local. Entretanto, no google maps há algumas postagens de visitantes dos generais, com destaque para a piscina do clube e pavões passeando nos jardins das maiores autoridades do Exército Brasileiro.
As residências em si, que não têm suas exatas dimensões divulgadas, conforme medidas feitas com o uso da “régua” do Google Earth, contam com uma área construída de mais de 2.000 metros quadrados, sem contar as piscinas que algumas delas possuem. Adicionalmente, há um clube central com uma piscina de 20 metros de comprimento.
De acordo com uma pesquisa feita no site Wimóveis pela Revista Sociedade Militar, o aluguel de um imóvel de alto padrão na região mais próxima, na asa norte, atualmente custa em torno de R$ 8.000 mensais. Em contraste, o valor pago pelos generais pelo uso das residências funcionais – algo em torno de 670 reais – é sem dúvida bastante reduzido, principalmente evidenciando-se a segurança, clube central e outros benefícios residenciais.
A nível de comparação, um deputado federal, com salário de 37 mi reais, para ocupar imóvel funcional em Brasília desconta um auxílio moradia no valor de R$ 4.253,00.