Quem é o guru de Putin que publicou artigo em revista do Exército Brasileiro e é a favor da guerra na Ucrânia
O ocultista Alexandr Dugin, o RasPUTIN de Putin e seu conselheiro-mor que defende a destruição da Ucrânia e do Ocidente pela supremacia racial eslava liderada pela Rússia
Quem acha admirável e embarca na falácia de Alexandre Dugin de que o Ocidente deve ser destruído porque é fraco e quer dominar o mundo com uma política unipolar, não sabe exatamente quem é o mentor de Putin.
Entranhas políticas do bruxo-mor de Putin
Dugin defende uma ideia de um mundo multipolar desde que a Rússia estenda seus domínios da Sibéria até Dublin e destrua toda a riqueza econômica e tecnologia desenvolvida pelo Ocidente. Dugin, “guru” ultranacionalista do expansionismo da Rússia publicou recentemente artigo pró guerra em revista da ESG, Escola Superior de Guerra a convite dessa instituição.
Na contramão dos defensores de Putin e sua guerra expansionista, que acreditam que a Rússia está se defendendo da OTAN ou dos “nazistas” ucranianos, o plano de invadir e destruir a Ucrânia tem mais de vinte anos e é parte de uma política arquitetada para instaurar uma supremacia russa no Ocidente e no mundo. Parece soar familiar, não?!
Em nota, o Ministério da Defesa, em texto mencionado aqui na Revista Sociedade Militar, fala em oferecer “visões distintas” e “conhecer as realidades nacional e internacional“.
“A escolha para a publicação de um artigo de Dugin, na edição de 2023, deu-se em razão desta edição ter buscado oferecer aos leitores várias percepções da crise russo-ucraniana, com autores de diferentes nacionalidades e visões distintas sobre o conflito“, afirmou a pasta.
O filósofo há muito tem uma aversão visceral aos ucranianos que resistem à assimilação na “mãe Rússia”. Depois que dezenas de manifestantes pró-Rússia foram mortos durante confrontos em Odesa, em maio de 2014, ele disse: “A Ucrânia deve ser desaparecida da Terra e reconstruída do zero ou as pessoas precisam recuperá-la. Acho que os ucranianos precisam de uma revolta total em todos níveis e em todas as regiões. Uma revolta armada contra a Junta [suposto grupo fascista ucraniano]. Não só no Sudeste”, declarou Dugin.
“Matar, matar e matar. Chega de falar. É minha opinião como professor”, acrescentou.
O trabalho que impulsionou Dugin à proeminência foi os “Fundamentos da Geopolítica”, de 1997, no qual ele expôs sua visão de um império eurasiano, estendendo-se de Dublin a Vladivostok. O livro defendia semear a instabilidade e a dissidência nos Estados Unidos – uma prévia da campanha de desinformação em torno das eleições de 2016 nos EUA.
Em uma passagem, ele escreveu: “É especialmente importante introduzir desordem geopolítica na atividade interna americana, incentivando todos os tipos de separatismo e conflitos étnicos, sociais e raciais, apoiando ativamente todos os movimentos dissidentes – grupos extremistas, racistas e sectários, desestabilizando, assim, os processos políticos internos nos EUA”.
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A obra, escrita nos últimos dias da caótica presidência de Boris Yelstin, tornou-se um best-seller na Rússia.
Em 2004, John Dunlop, membro sênior da Hoover Institution da Universidade de Stanford, escreveu que nenhum outro livro teve “uma influência sobre as elites militares russas, policiais e estatistas de política externa comparável a ‘Fundamentos da Geopolítica‘”.
Dugin certamente não tem falta de inimigos na Rússia. Em uma entrevista de 2019, ele disse: “Todos no poder na Rússia são escória. Exceto Putin”.
No mundo de Dugin, o destino da Rússia “não estará completo até que unamos todos os eslavos orientais e todos os irmãos eurasianos em um grande espaço. Tudo segue essa lógica do destino – e também a Ucrânia”
Alexandr Dugin, o Rasputin de Putin
Dugin é, sem a menor sombra de dúvida, o mentor de Putin e de todos os supremacistas eslavistas. Praticamente, todos os passos de Putin no campo geopolítico são extraídos do pensamento e dialética desse novo guru russo.
Mas, o que quer Dugin? Ele acredita que a verdade é o que acreditamos que é. Assim, o povo étnico russo eslavo precisa seguir seu “destino manifesto” que é voltar ao passado glorioso da grande Mãe Rússia, com sua amplitude da época do czarismo russo e da União Soviética. A isso ele e outros teóricos chamam de ´´eurasianismo´´.
Os crentes nessa nova ideologia acreditam que isso lhes foi tomado pelas forças nefastas do judaísmo mundial junto com a conspiração anglo saxônica dos EUA e Inglaterra. Soa familiar? Ou seja, para que a Rússia atinja seu lugar supremo no topo do mundo como líder inconteste, esses inimigos naturais precisam ser neutralizados.
No eurasianismo as fronteiras russas devem se estender dos confins da Sibéria até o Atlântico e Irlanda e do Oceânico Índico ao Mediterrâneo, com prejuízo de soberania para muitos países.
Ou seja, Dugin e Putin querem um mundo multipolar, desde que a Rússia domine como força unipolar, destruindo o Ocidente.
Dugin sempre foi um dos maiores defensores de Putin. Em 2007, ele disse : “Putin não tem mais adversários e, mesmo que eles existam, são doentes mentais e devem ser enviados para exames médicos. Putin está em toda parte, Putin é tudo, Putin é absoluto, Putin é insubstituível.”
Em 2011, quando era primeiro-ministro, Vladimir Putin começou a falar de uma União Eurasiática. Dugin refletiu que Putin precisava de “uma ideologia, uma razão pela qual ele precisa voltar” para um terceiro mandato como presidente.
Para isso, sustentam Dugin e Putin, principalmente, a Ucrânia, berço da civilização russa, tem que ser parte inseparável da Rússia, porque a Rússia sem a Ucrânia não pode controlar a Europa, russos e ucranianos são um povo só e precisam ser uma só nação. Como Hitler anexando a irmã Áustria, sua terra natal e usando como lema o ´´Um só povo, uma só nação e um líder´´.
Ideologia e crença de Dugin
Alexandr Dugin é filósofo e cientista político. Fundador do Movimento Internacional Eurasiano e ideólogo do nacional-bolchevismo e da IV Teoria Política que exercem forte influência em camadas superiores do establishment político russo, incluindo a diplomacia e o Exército.
Em 1987, durante o segundo ano de Mikhail Gorbachev no cargo, Dugin juntou-se à liderança da notória organização nacionalista russa antissemita Pamyat, e serviu como membro do Conselho Central do grupo. Sabemos que é antissemita.
A versão de eurasianismo de Dugin é uma combinação de quatro pontos:comunismo, nazismo, ecologismo e tradicionalismo. Enquanto a oposição do comunismo à liberdade econômica foi adotada, o compromisso marxista com o progresso tecnológico foi abandonado para atrair os ludistas e outros ambientalistas antitecnologia que se opunham ao industrialismo e à modernidade. Dugin é contra o ensino de química e física que considera um instrumento de dominação ocidental. O tradicionalismo foi derivado para suprimir o pensamento livre. A maior parte vem do nazismo de onde adotou a ideologia quase toda.
Em seu livro “A quarta Teoria Política” está o símbolo da bandeira da União da Juventude Eurasiana que consiste em uma cruz de ouro de oito flechas em um campo preto, a estrela de Chinghyz-khan [Genghis Khan]. A organização se autodenomina os “novos oprichniks”. “Oprichnina” foi a organização terrorista oficial do estado criada no século XVI pelo sanguinário czar Ivan, o Terrível, na luta contra os senhores feudais (boiardos). Seus símbolos eram a cabeça decepada de um cachorro e uma vassoura (para encontrar inimigos e eliminá-los). Seu lema: A Palavra e A Ação! (Slovo i Delo). A organização é tradicionalista, contrarrevolucionária e turkófila, mas não neonazista, segundo sua auto identificação.
Antes do início da guerra entre a Rússia e Geórgia em 2008, Aleksandr Dugin visitou a Ossétia do Sul e previu: “Nossas tropas ocuparão a capital georgiana Tbilisi, o país inteiro, e talvez até a Ucrânia e a Península da Crimeia, que historicamente faz parte da Rússia“.
A filosofia eurasiana de Dugin está ligada ao Neopaganismo, uma categoria que, neste contexto, significa o movimento da Fé Nativa Eslava (Neopaganismo eslavo ou Rodnovery), especialmente nas formas de Anastasianismo e Ynglismo. O eurasianismo de Dugin é frequentemente citado como pertencente ao mesmo espectro desses movimentos, e também tendo influências de tradições herméticas, gnósticas e orientais. Ele próprio apela a confiar na “teologia oriental e nas correntes místicas”.
Quase todas as correntes acima citadas têm em comum, principalmente, a supremacia ariana da etnia eslava, antissemitismo, nazismo, rejeição à miscigenação, pan-eslavismo como ferramenta para alcançar o domínio imperial pelo eurasianismo russo e a volta ao paganismo nórdico e eslavo ariano pré-cristão.
Vale ressaltar que as crenças nativas eslavas ou germânicas em si nunca foram racistas, pois eram religiões e modo vida local. Há muitos praticantes dessas correntes que não concordam com o viés supremacista dessas ideologias. Os supremacistas se identificam com elas porque é algo que se originou em sua terra de origem.
O paneslavismo tem a mesma filosofia do pangermanismo na Alemanha nazista e seu sincretismo étnico o mesmo da igreja étnica germânica, ambos reivindicando uma ancestralidade nórdica ariana e pureza racial.
Enquanto Dugin fundou o Partido Eurasiano, Putin criou a União Euroasiática e a consequente formação da Comunidade Econômica Euroasiática, tendo como estados membros a Rússia, Armênia, Bielorússia, Cazaquistão e Quirguistão, que parece estar ruindo frente aos conflitos entre si.
O movimento neopagão e supremacista étnico eslavo Rodnovery e correlatos tem pelo menos dois milhões de adeptos na Rússia. Cresceu muito desde a ascensão de Putin ao poder e depois foi sendo reprimido conforme avançava com força para ameaçar o putinismo em franca ascensão. As duas forças coexistem e se identificam, mas Putin controla e tolhe qualquer um que queira ameaçar sua posição de líder máximo.
De acordo com Marlene Laruelle, a adesão de Dugin ao grupo dos “Velhos Crentes” permite que ele se posicione entre o Paganismo e o cristianismo ortodoxo sem adotar formalmente nenhum deles. Sua escolha não é paradoxal, uma vez que, segundo ele — na esteira de René Guénon — a ortodoxia russa e especialmente os “Velhos Crentes” preservou um caráter esotérico e iniciático que se perdeu totalmente no cristianismo ocidental. Como tal, a tradição da igreja ortodoxa russa pode ser fundida com o neopaganismo e pode hospedar “a força nacionalista do neopaganismo, que o ancora no solo russo e o separa das outras duas confissões cristãs”.
Para quem de fato quer ter a certeza das raízes ocultistas, satanistas e de bruxo de Dugin, o que são os “Velhos Crentes” e porque ele tem sido comparado a RasPUTIN, o bruxo da corte imperial russa, consulte o link a seguir com o breve texto e um breve vídeo contundente sobre o assunto.
Em 2022 a filha do próprio Alexander Dugin, Darya Dugina, sofreu também um atentado a bomba em seu carro no qual foi morta.
O pai de Dugina, Dugin , chamou o assassinato de “ato terrorista executado pelo regime nazista ucraniano” e escreveu que “precisamos apenas da nossa vitória“.
Ironicamente, a filha seguia todo o caminho do pai, trabalhando muito a favor da guerra na Ucrânia e seguindo ideologias racistas etnocentricas. Segundo o pai, então, a filha teria sido vítima do próprio veneno que ele tanto acredita: a supremacia ariana racial e a violação de nações soberanas.
O presidente russo, Vladimir Putin , enviou uma mensagem de condolências à família de Dugina, descrevendo-a como uma “pessoa brilhante e talentosa com um verdadeiro coração russo“.
Putin concedeu postumamente a Dugina a Ordem da Coragem. Mais uma supremacista racista condecorada por Putin.
O ato incluiu respostas de oponentes e críticos de Putin. Dmitry Gudkov escreveu sobre o evento como um “bumerangue” para a retórica guerreira de Dugin. Ou seja, gosta de extremismo radical, provou dele.
O site de notícias investigativas em russo Meduza argumenta que sua morte “ajudou seu pai, Alexandr Dugin, a passar de filósofo marginal ultraconservador a ideólogo-chave do Kremlin“.
Dugin já está na história como aquele que alimentou o maior extremismo racista étnico e geopolítico da história da Rússia.
Afinal, a chamada “operação militar especial” na Rússia é apoiada por nazistas e conservadores, bem como por comunistas nostálgicos da URSS. É um coquetel ideológico. Na Rússia, as pessoas não se inscrevem em massa no Rússia Unida, partido de Putin, e a ideologia trabalha para despolitizar e desengajar a sociedade da participação ativa.
O doutor em Ciências Políticas Stepan Sulakshin, analisando o conceito de “Putinismo”, o considera como um regime político (a prática política tanto do líder com sua equipe quanto do grupo governante), que ele chama de “Estado privatizado”, a liderança política é dona das empresas do estado. Políticos e empresários são os mesmos atores.
De acordo com o Hoover Institution Fellow Arnold Beichman (2007), Desde que chegou ao poder em 1999, “Putin inspirou bajulação do tipo que a Rússia não via desde Stalin“.