Empresas de defesa brasileiras e sauditas assinaram um memorando de entendimento que pode levar a joint ventures e acordos de compartilhamento de tecnologia. As empresas sauditas envolvidas no esforço potencial são Scopa Defense e Alqahtani Holding, enquanto as firmas brasileiras incluem o fabricante de armas Taurus, o produtor de foguetes e mísseis Avibras, o produtor de baterias para aeronaves Ocellott e o especialista em aviação Avionics Services.
O acordo foi assinado durante um fórum de investimento bilateral em São Paulo, que contou com a presença de uma delegação saudita liderada pelo Ministro do Investimento, Khalid Al-Falih. Um dos acordos com a Taurus pode resultar na construção de uma nova fábrica de armas na Arábia Saudita, após um estudo sobre o assunto.
A Taurus já possui duas fábricas de armas locais e uma nos Estados Unidos. A escolha pela Arábia Saudita está alinhada com o plano de expansão da empresa no Oriente Médio, focando na transferência de tecnologia para a fabricação de armas leves. Outro acordo envolve a Avibras e a Scopa, com o objetivo de “fabricar e desenvolver equipamentos de defesa avançados”, embora detalhes adicionais sobre os produtos e valores contratuais não tenham sido divulgados.
Para a Arábia Saudita, esses acordos fazem parte de uma estratégia maior, chamada Saudi Vision 2030, que visa reduzir a dependência do reino no comércio de petróleo através de investimentos globais em outros setores. A iniciativa busca diversificar a economia saudita e fortalecer parcerias internacionais em áreas estratégicas, incluindo defesa e tecnologia.
Arábia Saudita vê Brasil como mercado prioritário e fortalece laços comerciais!
Com base nas informações do site InfoMoney, a aproximação entre o Brasil e a Arábia Saudita tem se intensificado nos últimos anos, culminando na chegada de uma comitiva saudita composta por mais de 90 empresários e agentes governamentais ao Brasil. Abdulrahman Bakir, Head de investimentos para as Américas do Ministério do Investimento da Arábia Saudita, tem desempenhado um papel crucial nesta aproximação.
Durante a visita, a comitiva saudita teve uma agenda intensa, incluindo encontros com ministros, visitas a empresas como Suzano e Embraer, e reuniões com dirigentes de times de futebol. Mais de 20 memorandos de entendimento estão sendo preparados, com um deles prevendo um investimento de US$ 200 milhões.
Além disso, em 2022, o volume de negociações entre o Brasil e a Arábia Saudita atingiu um recorde histórico de US$ 8,2 bilhões, o dobro do valor negociado no ano anterior. A balança comercial entre os dois países tem se concentrado principalmente em derivados do petróleo, fertilizantes, carne e miúdos de aves, açúcar e melaço. A guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, teve um impacto significativo nos preços desses produtos. No entanto, a Arábia Saudita está buscando diversificar seus investimentos e vê o Brasil como uma oportunidade de crescimento em áreas como infraestrutura, segurança alimentar e energia.
Recentemente, a Vale anunciou um acordo com a Manara Minerals e a gestora americana Engine No. 1 para vender uma fatia de 13% de sua unidade de metais básicos pelo valor de US$ 3,4 bilhões. A Manara Minerals, uma joint venture entre a mineradora Ma’aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), deterá 10% da unidade de metais básicos da Vale. Este é o primeiro investimento da Arábia Saudita na área de mineração e o maior já realizado no Brasil.
Revista Sociedade Militar, com informações de Defense News e Infomoney.