O Ministério das Relações Exteriores da China manifestou na última quarta-feira (02/8) forte descontentamento e rejeitou a decisão dos Estados Unidos de fornecer ajuda militar no valor de 345 milhões de dólares para a região chinesa de Taiwan. A China considera que a decisão viola o princípio de Uma Só China e os acordos China-EUA, gerando tensão e prejudicando as relações bilaterais.
Um porta-voz Ministério das Relações Exteriores chinês veio a público e manifestou seu desagrado em relação à última decisão dos Estados Unidos de fornecer ajuda militar à região chinesa de Taiwan. A porta-voz afirmou que a ação viola seriamente o princípio de Uma Só China, bem como os três comunicados estabelecidos China-EUA, especialmente o Comunicado de 17 de agosto.
O contexto
Na última sexta-feira (28/7), os Estados Unidos anunciaram o envio de um pacote de armas no valor de US$ 345 milhões para Taiwan, incluindo drones de reconhecimento MQ-9A. Essa ação faz parte do orçamento aprovado pelo Congresso norte-americano, que prevê US$ 1 bilhão em ajuda militar para Taiwan este ano e permite até US$ 10 bilhões em empréstimos e doações nos próximos 5 anos para impedir a ocupação chinesa da ilha.
Segundo a China, porém, o fornecimento de ajuda militar dos EUA para Taiwan mina a soberania e a segurança do país e prejudica as relações bilaterais entre China e EUA, além de afetar a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan. A China lamentou e rejeitou firmemente essa medida e tomou medidas severas ao lado dos EUA.
Uma das questões mais importantes para a China
O porta-voz chinês ressaltou ainda que a questão de Taiwan é de extrema importância para os interesses centrais da China e é uma linha vermelha que não deve ser cruzada no relacionamento com os EUA.
O comunicado é na verdade um apelo da China aos Estados Unidos para que respeitem o princípio de Uma Só China, bem como os três comunicados conjuntos China-EUA.
Princípio de Uma Só China
O princípio de Uma Só China é fundamental para as relações diplomáticas com a República Popular da China (RPC) e estabelece que existe apenas uma China, compreendendo também Taiwan. Esse princípio é conhecido como política de “Uma China – Dois Governos”, reconhecendo a soberania chinesa e a autonomia governamental da ilha.
Em outras palavras, para o governo chinês, Taiwan é um território da China e assim deve ser reconhecido por todos, sendo proibido até mesmo contato diplomático dos países com Taiwan
Baseado no princípio de Uma Só China, o governo chinês apela aos EUA que parem de aumentar o contato militar com Taiwan ou forneçam armas sob qualquer pretexto. A China também pediu que evitem criar tensão no Estreito de Taiwan e que não apoiem negociações separatistas que buscam a “Independência de Taiwan pela força.
Taiwan: uma questão delicada
Taiwan é governada de forma independente desde o fim da guerra civil em 1949, mas Pequim a considera uma província dissidente. Em caso de invasão chinesa, o presidente dos EUA, Joe Biden, já afirmou anteriormente que os EUA defenderiam Taiwan.