O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência, ABIN, Saulo Moura da Cunha, fez uma declaração surpreendente agora à pouco falando a CPMI do 8 de janeiro. Cunha disse que o General Marco Edson Gonçalves Dias, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, já sabia sobre o risco de ataque às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. A acusação, no entanto, contradiz declarações prévias do próprio general.
Cunha foi questionado sobretudo sobre como o General, conhecido como GDias, teria recebido os primeiros alertas sobre a possibilidade dos ataques.
“O primeiro contato por WhatsApp foi por volta de 8h.”, disse Saulo Moura da Cunha à CPMI. “Ele [GDias] responde dizendo: ‘Acho que vamos ter problemas’. Eu continuo encaminhando as mensagens e, por volta de 13h30, falo com o ministro e passo esta preocupação: ‘Temos a impressão, temos já uma certa convicção de que as sedes dos Poderes serão invadidas e haverá uma ação violenta contra esses prédios’. O general GDias obviamente não estava recebendo informações apenas da Abin. Não posso afirmar por que ele agiu ou deixou de agir.”, concluiu posteriormente o ex-diretor da ABIN.
Declarações de Cunha contestam as falas de General
As declarações do ex integrante da ABIN vão de encontro à declaração dada pelo General em junho, quando o militar disse que não havia sido informado sobre os riscos de ataques. Segundo o ex-diretor-adjunto, contudo, os primeiros informes a GDias começaram a ser enviados já na manhã de 8 de janeiro. Posteriormente, no início da tarde, antes dos ataques propriamente ditos, os dois teriam inclusive conversado sobre o assunto por telefone.
Saulo Moura da Cunha, por fim, disse os ataques foram “eventos lamentáveis”. O ex-diretor-ajunto da ABIN ainda afirmou que, na véspera e no dia do ataque, o Distrito Federal recebeu 130 ônibus com mais de 5 mil passageiros. Alguns deles foram apontados como “radicais extremistas”.