Nesta sexta-feira (11), a Polícia Federal (PF) conduziu uma operação de busca e apreensão contra o general Mauro César Cid e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação também envolveu o ex-advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef.
Embora a operação tenha incluído as três figuras anteriormente mencionadas, uma mereceu destaque da grande mídia: o general Mauro César Lourena Cid, colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras, que estaria envolvido em uma tentativa de venda de joias em Miami, nos Estados Unidos.
Mas quem é Mauro César Lourena Cid? Mais: qual seria a relação de Bolsonaro com o general e com o Alto-Comando do Exército?
O general Mauro Cid, pai do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi membro do Alto Comando do Exército, um grupo composto por oficiais-gerais que exercem influência na tomada de decisões na instituição. O que torna essa relação significativa é o fato de que muitos membros desse Alto Comando ocuparam cargos políticos durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Em 2016, ocorreu em Brasília a 304ª edição da Reunião do Alto-Comando do Exército, a RACE, “com a participação de oficiais-generais do Alto-Comando do Exército, os designados para o Ministério da Defesa e aqueles que estão à frente dos Órgãos de Assistência Direta e Imediata do Comando.”
Na ocasião, o então Comandante do Exército, o General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, afirmou ter se tratado de uma “reunião intensa e muito produtiva”.
“Estamos iniciando o ciclo de planejamento de quatro anos e essa foi a primeira reunião desse ciclo. Foram encaminhados temas que vão orientar os próximos anos de atividade da Força”, esclareceu o Villas Bôas.
Na foto tirada da 304ª Reunião do Alto Comando do Exército em fevereiro de 2016 constam 17 generais pertencentes ao Alto Comando do Exército na época, a grande maioria, cerca de 90%, assumiriam pouco tempo depois funções políticas de confiança nos governos Temer e Bolsonaro. Isso inclui cargos como vice-presidente da República, ministros de estado, presidente de empresas estatais e outras posições de destaque.
Oficiais Graduados da AMAN em Cargos Políticos
O grupo dos oficiais graduados da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) das turmas da década de 1970 que tem se destacado na arena política do Brasil. Entre os notáveis estão:
Turma AMAN 1973:
- Gen Villas Bôas Comandante do Exército no governo Temer e assessor especial do GSI no governo Bolsonaro, órgão de inteligência da Presidência.
Turma AMAN 1974:
- Gen Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República no governo interino de Michel Temer. Em 2019 assumiu o Instituto de Autorregulação do Setor de Infraestrutura.
- Gen Francisco Carlos Modesto, chefe do escritório paulista do Sistema Defesa, Indústria e Academia de Inovação, o Sisdia, repartição federal.
Turma AMAN 1975:
- Gen Gerson Menandro Garcia de Freitas, embaixador do Brasil em Israel nomeado por Bolsonaro.
- Gen Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil no governo Bolsonaro e atualmente senador.
- Gen José Francisco Ferreira, diretor-geral da Itaipu Binacional no governo Bolsonaro.
- Gen Juarez Cunha, ex-presidente dos Correios no governo Bolsonaro.
Turma AMAN 1976:
- Gen Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa no governo Bolsonaro.
- Gen João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança Pública de São Paulo, no governo João Doria.
- Gen Gulherme Teófilo, disputou o governo do Ceará em 2018 pelo PSDB, com a bênção do senador Tasso Jereissati. Em 2019 e 2020, foi secretário nacional de Segurança Pública, pelas mãos de Sergio Moro. Atualmente dirige o Instituto Combustível Legal.
- Gen Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, secretário de Saúde do Distrito Federal no governo Ibaneis Rocha.
Turma AMAN 1977 (Turma 31 de Março):
- Gen Edson Leal Pujol, Comandante do Exército no governo Bolsonaro.
- Gen Paulo Humberto Cesar de Oliveira, presidente provisório da Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios no governo Bolsonaro.
- Gen Mauro César Lorena Cid, chefe do escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no governo Bolsonaro.
- General Carlos Alberto Neiva Barcelos, Conselheiro Militar junto à Representação do Brasil na Conferência do Desarmamento da ONU (REBRASDESARM) e demais Organismos e Convenções Internacionais, em Genebra, no governo Bolsonaro.
Obs.: Essa é a turma do capitão Jair Messias Bolsonaro.