Mais de 80 anos anos atrás, no dia 7 de dezembro de 1941, o Japão atacou sem aviso prévio a base aérea americana de Pearl Harbor. Esse evento é considerado até hoje um dos ataques surpresa mais impressionantes da história. Na época, o Japão já era uma das potências do Eixo, junto com a Itália e a Alemanha.
Como, então, reagiu o Führer, Adolf Hitler, diante das notícias sobre o bombardeio feito por seus aliados orientais?
Hitler não sabia do plano de Pearl Harbor de antemão. Ao ser informado em seu quartel-general ainda no mesmo dia sobre o ataque e os danos sofridos pelas forças americanas, o Führer “ficou satisfeito”, segundo o historiador britânico Ian Kershaw.
“Não podemos perder a guerra de jeito nenhum. Agora temos um aliado que nunca foi conquistado em 3.000 anos”, disse um eufórico Hitler, conforme relatado na biografia de Kershaw sobre o líder alemão.
Esse comentário é típico de Hitler, pois é ao mesmo tempo fantástico, e também uma ilusão. Na verdade, Hitler via os japoneses pelas lentes de seu próprio preconceito racial. Em seu livro “Mein Kampf”, o Führer escreveu condescendentemente que o progresso científico e técnico japonês cessaria se não recebesse a influência “ariana”. Seus próprios assessores diziam que Hitler não aceitava bem as conquistas japonesas no Extremo Oriente, acreditando que eventualmente a Alemanha se encontraria em um confronto com o que chamava de “raça amarela”.
Momento Oportuno
Mas para Hitler, o triunfo japonês em Pearl Harbor vinha em um momento bastante oportuno. A Operação Barbarossa, a invasão alemã da União Soviética, havia perdido o ímpeto. No dia 6 de dezembro, um dia antes de Pearl Harbor, os soviéticos lançaram um contra-ataque que acabaria salvando Moscou e arruinava o sonho de Hitler de um império no Oriente.
Assim, Hitler encarou Pearl Harbor como uma luz na escuridão. De acordo com Kershaw, a suposição do Führer era de que os japoneses agora amarrariam os Estados Unidos no Pacífico e enfraqueceriam a Grã-Bretanha, ameaçando suas possessões asiáticas.
A Alemanha e o Japão já haviam concordado com o fortalecimento de seu Pacto Tripartite existente, que obrigaria cada um a declarar guerra a qualquer potência que atacasse um aliado. Esta disposição não havia sido formalmente assinada, no entanto, significando que Hitler, por tratado, era obrigado apenas a ajudar o Japão, não a entrar na guerra contra os Estados Unidos.
Declaração de guerra aos Estados Unidos
Hitler queria garantir que o Japão permanecesse na guerra e talvez invadisse a Rússia pelo leste. Além disso, o Führer também sentiu que a guerra com os Estados Unidos era inevitável e queria tomar a iniciativa de uma vez por todas. Por isso, em 8 de dezembro, o líder alemão ordenou que submarinos alemães afundassem navios americanos.
Em um longo discurso no Reichstag em 11 de dezembro, Hitler relatou eventos militares recentes, criticou o presidente Roosevelt e declarou guerra aos Estados Unidos. Dado que a opinião pública dos Estados Unidos era muito mais severa em relação ao Japão do que à Alemanha, isso provou-se um erro.
Sobre o assunto, o jornalista e historiador britânico Max Hastings, em seu livro sobre a Segunda Guerra Mundial, “Inferno”, escreveu:
“Quatro dias depois de Pearl Harbor, [Hitler] tornou a loucura do ataque abrangente ao declarar guerra aos Estados Unidos, aliviando Roosevelt de uma séria incerteza sobre se o Congresso concordaria em lutar contra a Alemanha”.
Os japoneses, por sua vez, começaram a guerra com os EUA acreditando que a Alemanha nazista era uma força imparável que logo conquistaria a União Soviética e acabaria com a guerra na Europa. Assim, as potências do Eixo avançaram, cada uma cega para a situação estratégica particular que agora enfrentavam.
O resto, como se diz, é história.