Foi amplamente divulgado que armas de grosso calibre – 7.62 e .50 – foram roubadas de uma instalação militar do Exército Brasileiro em Barueri – SP. As autoridades confirmaram que na lista de material roubado estão pelo menos 21 armas. Sendo 13 delas de calibre .50 e 8 de calibre 7.62. Centenas de militares estão detidos no quartel para procedimentos de averiguação.
Não se tem ainda certeza sobre a data em que ocorreram os furtos. Na semana passada em grande operação realizada no Rio de Janeiro, dois helicópteros utilizados pela polícia foram alvejados e mencionou-se a possibilidade de uso de armamentos anti-aéreo por criminosos locais, justamente onde se enquadra o uso da Browing .50.
Um militar do Exército ouvido pela Revista Sociedade Militar explicou que apesar de existirem armas desse tipo com mais de 50 anos de idade, as peças do equipamento são praticamente indestrutíveis, dado a sua rusticidade e o pouco uso. No Brasil as armas são utilizadas praticamente só em treinamentos e adestramentos de tiro.
Um dia após o anúncio sobre o roubo das metralhadoras, em 14 de outubro, a Revista Sociedade Militar publicou artigos onde exibiu vídeos divulgados pelo próprio Exército no canal do Youtube do Comando Militar do Sul, que forneciam instruções detalhadas sobre como se fazer a calibragem, a manutenção e a utilização da metralhadora Browning calibre .50.
Na mesma data, à noite, os vídeos foram retirados da plataforma, obviamente por ação preventiva do Exército, após o alerta feito pela Sociedade Militar. Até o momento da publicação pela RSM, mais de 500 pessoas haviam curtido no Youtube os vídeos que explicavam didaticamente aos mais de 34.700 assinantes do canal do CMS como manejar e reparar um armamento usado em contexto de guerra.
Entretanto, apesar de retirar de circulação os vídeos do Youtube, o Exército Brasileiro manteve em seus perfis no Facebook videos similares, onde ensina a operar, montar e desmontar o equipamento. O Grupamento Logistico, responsável pela postagem fez uma série de vídeos sobre o armamento.
A exibição desse tipo de conteúdo em perfis públicos não se justifica, na medida em que não é função do Exército Brasileiro ensinar a sociedade a realizar esses procedimentos em armamentos com altíssimo poder de destruição.
Em uma das postagens, feitas em 2020, o Exército explica: ” Nesta série de vídeos elaborada pelo 3º Grupamento Logístico com o apoio do 3º Batalhão de Suprimento e o 19º Batalhão de Infantaria Motorizado, serão apresentados os procedimentos necessários para a manutenção e a operação segura das metralhadoras .50 em uso no Exército Brasileiro.”
Abaixo e acima algumas imagens de telas de perfis oficiais com esse tipo de instrução, específica para militares, que inexplicavelmente se encontra em páginas oficiais do Exército Brasileiro com acesso público.
A Revista Sociedade Militar enviou pedido de informações ao Ministério da Defesa onde ao mesmo tempo que dá ciência da existência dos vídeos, com imagens dos mesmos, solicita cópias dos documentos que regulamentam a distribuição desse típo de conteúdo utilizando os perfis oficiais das Forças Armadas.
A arma em questão, que não está a venda para cidadãos comuns, tem altíssimo poder de destruição, disparando mais de 800 tiros por minuto. Podendo ser utilizada para perfurar veículos blindados, abater aeronaves e atingir alvos a longa distância.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar
Imagem de tela de uma das postagens de vídeo em redes sociais