Os jogos de guerra representam um instrumento essencial no preparo dos Oficiais das Forças Armadas. A ferramenta foi desenvolvida para fins militares, mas atualmente tem sido utilizada por diversos setores da sociedade. O objetivo é aprimorar a capacidade de avaliação, decisão, treinamento, aprendizado, exercício do trabalho em equipe e aprimoramento de procedimentos e planos, que se estendem além do campo de aplicação estritamente militar.
“Os Jogos de Guerra consistem em um conjunto de situações, fictícias ou não, caracterizadas por conflitos de interesses e apresentadas cronologicamente aos jogadores na forma de desafios, cuja superação implica no emprego simulado da expressão militar do Poder Nacional, condicionado por fatores ambientais diversos, tais como aspectos geográficos, psicossociais, conjunturais e informacionais”, explica o encarregado do Centro de Jogos de Guerra da Escola de Guerra Naval, Capitão de Mar e Guerra Marcelo William Monteiro da Silva.
Dentre os diversos jogos já realizados pelo Centro de Jogos de Guerra, implementado em 1985, destacam-se aqueles voltados para:
- o Plano de Emergência Externo para a Central Nuclear de Angra;
- a segurança das Olimpíadas do Rio/2016, solicitado pelo Comando do 1º Distrito Naval, Organização da MB sediada no Rio de Janeiro;
- o Programa Integrado de Proteção de Fronteiras, para o Gabinete de Segurança Institucional;
- o Centro de Operações de Paz de Caráter Naval;
- a Receita Federal, como parte prática do Programa de Capacitação em Operações Interagências.
- a simulação de ações inerentes ao Plano Nacional de Contingência para o Derramamento de Óleo em Águas Jurisdicionais Brasileiras, em 2022 e 2023.
EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA
Uma atividade didática de grande importância é o “AZUVER”. Conduzido de forma conjunta pela EGN, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR), o jogo reúne Oficiais-Alunos e instrutores das três escolas de altos estudos militares.
“Os jogos de guerra são ferramentas valiosas não só para a capacitação do pessoal, mas também como fonte de subsídios para o preparo da Expressão Militar do Poder Nacional, contribuindo para a identificação de lacunas de recursos, capacidades e conhecimentos. Também possibilitam antecipar potenciais problemas e, por conseguinte, a investigação das possíveis soluções em tempo hábil, sem o risco de perdas materiais e humanas”, conclui o Comandante William.
Os Jogos de Guerra de 2023, envolvendo as três escolas das Forças Armadas, tiveram sua abertura sediada na Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR) em solenidade ocorrida no dia 17 de julho.
Os Jogos deste ano ocorrerão até o dia 8/11, sendo separados em três exercícios de guerra simulada: URANO, ATHENA e AZUVER. Nesse último, citado anteriormente, haverá o trabalho conjunto com a Escola de Guerra Naval (EGN) e a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).
A atividade faz parte do currículo do CCEM (Curso de Comando e Estado-Maior) e tem por finalidade aplicar a doutrina da Força Aérea Brasileira (FAB) por meio de um exercício de guerra simulada e da aplicação dos princípios de guerra e estratégias do poder aeroespacial.
Os exercícios também têm o intuito de ensinar os oficiais-alunos a compreenderem a necessidade de planejamento, não apenas integrado, mas em conjunto, desde a concepção até o nível de um comando operacional e de uma Força Aérea Componente (FAC), com ênfase nas áreas operacional e logística.
A ideia é saber como as tarefas e ações de FAB devem ser empregadas em campanhas militares diante da complexidade do processo de tomada de decisão, que envolve o emprego conjunto das Forças Armadas.
O Brigadeiro do Ar Helmer Barbosa Gilberto, comandante da ECEMAR, destacou a importância dos Jogos de Guerra: “pensar na guerra é o primeiro passo na preparação de um líder militar. É o que fazemos aqui na Academia de Guerra Aérea da Força Aérea Brasileira. Estamos preparando todos vocês para que, quando saírem daqui, possam exercer suas funções de Comando, de Chefia e de Direção, e como assessores em uma estrutura de Comando Conjunto”.