Aahh, histórias do Brasil. Eu adoro essas. Sente-se aqui comigo, aceite uma xícara de um legítimo café brasileiro (e se for como eu, com muito açúcar) e vamos embarcar nessa viagem maravilhosa pelo Brasil colonial.
Como muita coisa boa que acontece nessa vida, tudo começou com culinária.
No século XVI, havia uma demanda substancial por açúcar refinado na Europa. Isso aconteceu porque o açúcar refinado estava gradativamente substituindo o mel na maioria das receitas das confeitarias (e das vovós) europeias. Além de mais fácil de manusear, o açúcar é extremamente eficiente em adoçar geléias, compotas e marmeladas (que nem sempre são feitas só de marmelo!), produtos que eram muito consumidos por aquelas bandas.
E, vamos combinar: açúcar adoça tudo de maneira mais gostosa, mesmo. E os Europeus começaram a perceber isso naquela época.
Surgimento da cana-de-açúcar no Brasil
A cana-de-açúcar foi plantada pela primeira vez no Brasil em 1516, mas nem era assim, nossa, que super produção. A ideia era apenas estabelecer algo. Uma base. Uma ideia. Dizer pras outras potências da Europa, olha aqui, essa terra aqui é nossa! Estamos até produzindo nela, viu? viu? viu?! Na época, os europeus estavam lutando por reivindicações legais e econômicas de território nas Américas. Nesse comecinho, portanto, o açúcar não passava de um reles experimento e uma forma de reivindicar território.
Todas as potências europeias quebravam a cabeça pra achar algo permanentemente viável pra produzir nas suas colônias. A atividade comercial principal aqui no Brasa, no começo, era extração de Pau Brasil. Mas, com o tempo, o comércio de pau-brasil foi minguando, ao mesmo tempo que os portugueses perceberam que o que dava dinheiro, de verdade, era açúcar. E foi aí que a coisa fluiu.
A primeira produção comercial mesmo de açúcar no Brasil (e no novo mundo por inteiro) foi realizada em 1550, quando os donatarios portugueses construíram moinhos perto de Pernambuco e São Vicente. Essa produção inicial foi baseada principalmente em técnicas desenvolvidas na Ilha da Madeira, que funcionava mais ou menos como um sistema semi-feudal, onde o proprietário, ou senhor de engenho, arrendava sua terra para vários agricultores menores em troca de uma parte do açúcar produzido.
Holanda VS Brasil
Em meados do século XVII, a indústria açucareira brasileira expandia-se rápido, com o apoio da grana da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Na verdade, apoio é uma palavra forte: os holandeses haviam roubado Pernambuco dos portugueses em 1630. Pra se ter uma ideia desse impacto, saca só: em 1612, a produção total de açúcar no Brasil havia atingido 14.000 toneladas. Em 1640, Pernambuco sozinho exportava mais de 24.000 toneladas de açúcar anualmente para Amsterdã.
Depois que nós recuperamos Pernambuco dos holandeses, os invasores ficaram, digamos, muito chateados com o fracasso da sua empreitada à brasileira, e decidiram mudar o foco da produção de açúcar pra outros lugares, como Barbados, Caribe e adjacências, as tais Índias Ocidentais.
Azar o deles.
O Brasa permaneceu o maior exportador de açúcar, criando um legado no desenvolvimento da sociedade colonial na América. O sistema de plantações do Brasil e do Caribe, como o sistema de fazendas no continente, perduraria por séculos como modelo de produção agrícola e da sociedade rural.
Uau.
Mas, claro, nem tudo foi doce: a produção de açúcar trouxe muita tristeza, mágoa, rancor, pobreza, exploração, destruição do meio ambiente e, acima de tudo, escravidão.
No entanto, a produção de açúcar forneceu um dos meios e motivações para a expansão, colonização e controle da Europa no novo mundo. O que desencadeou um curso de eventos que moldariam para sempre o destino do Hemisfério Ocidental.