Os castelos como conhecemos hoje foram introduzidos na Inglaterra em 1066, durante a invasão normanda liderada por Guilherme, o Conquistador. Após a vitória na Batalha de Hastings, os normandos se estabeleceram por lá, construindo castelos por todo o país para controlar o território recém-conquistado e também para pacificar a população anglo-saxônica.
Esses primeiros castelos eram principalmente do tipo “motte e bailey”. O “motte” era composto por um grande monte de terra com uma torre de madeira no topo, enquanto o “bailey” era uma grande vala que cercava o “motte”.
Os primeiros castelos eram, portanto muito simples; a vala, o monte de terra e uma paliçada de madeira, conforme conta o historiador amador Stephen Tempest, no Quora.
O financiamento desse tipo de empreendimento dependeria do local e da época. Os primeiros castelos, como os que os normandos construíram na Inglaterra e na Irlanda imediatamente após a sua conquista, foram construídos muito rapidamente, utilizando apenas recursos locais. Na ocasião, a “tributação” do início do período medieval consistia principalmente uma questão de recrutar pessoas para os serviços de trabalho por um determinado período de tempo por ano. Ou ainda, de requisitar-lhes alimentos e recursos.
Os recrutados poderiam então ser colocados para trabalhar na construção do castelo, entre outras funções.
Uma verdadeira fortuna
Castelos de pedra mais elaborados eram bem mais complexos e caros. Essas fortificações precisavam de trabalhadores qualificados que eram devidamente pagos pelo serviço. Ou, no mínimo, recebiam comida, alojamento e outras necessidades às custas do seu empregador.
Para construir o castelo de Beaumaris, por exemplo, o mestre James of St George, ou Tiago de São Jorge, foi designado o arquiteto responsável. Em um dos registros constam que em uma única semana foram empregados milhares de trabalhadores.
James, ou Tiago, escreveu aos seus patrões sobre o evento:
Caso você se pergunte para onde tanto dinheiro poderia ir em uma semana, gostaríamos que você soubesse que precisávamos – e continuaremos a precisar de 400 pedreiros, tanto cortadores quanto assentadores, junto com 2.000 trabalhadores menos qualificados, 100 carroças, 60 vagões e 30 barcos trazendo pedra e carvão marinho; 200 mineiros; 30 ferreiros; e carpinteiros para colocar as vigas e tábuas do piso e outros trabalhos necessários. Tudo isso não leva em conta a guarnição… nem as compras de material. Dos quais deverá haver uma grande quantidade… Os salários dos homens estiveram e ainda estão muito atrasados, e estamos tendo a maior dificuldade em mantê-los porque eles simplesmente não têm com que viver.
Um empreendimento tão grande estava fora do alcance de qualquer um, exceto dos monarcas mais ricos e poderosos. O Rei Eduardo teve de angariar o dinheiro indo ao Parlamento – uma nova instituição na época – suplicando-lhes que aprovassem um imposto especial sobre a propriedade. Esse imposto consistia em nada menos do que 10% para quem vivia nas cidades e 6,7% para quem vivia nos distritos rurais.
Esta taxa foi apresentada como um imposto especial e único de emergência porque o reino estava em guerra.
Eduardo recebeu seu dinheiro porque era um governante forte e popular e porque ofereceu muitas concessões ao Parlamento, como dar-lhes o direito de apresentar petições e levantar questões que preocupassem sua atenção. Além disso, deu ao Parlamento o papel de legislar, tornando-o assim uma instituição importante dentro do sistema de governo inglês. Era, é claro, ainda subordinado ao poder real, mas isso mudaria rapidamente no futuro. O princípio de que a tributação especial tinha de ser aprovada pelo Parlamento voltaria a assombrar os futuros monarcas com sonhos absolutistas.
Doações ajudavam na empreitada
Outro programa notável de construção de castelos ocorreu em Outremer, a terra dos Cruzados. O Reino de Jerusalém não tinha o poder financeiro e militar dos reis da Inglaterra, mas, em contrapartida, possuía muitos doadores e simpatizantes ricos. O Papa, o Rei de França e o Imperador da Alemanha, todos, numa altura ou noutra, enviaram dinheiro para ser gasto na construção de castelos e fortificações na Terra Santa.
As ordens de cavaleiros arrecadaram muito dinheiro com doações, propriedades de terras e bancos em toda a Europa. Boa parte disso foi parar em castelos e fortificações.
Finalmente, havia a opção de um senhor gastar o seu próprio dinheiro num castelo. Uma simples fortificação de madeira e terra era fácil de construir, mas um castelo de pedra esgotava os recursos de uma família inteira. A construção, portanto, muitas vezes, durava décadas, ou até mesmo gerações.
Mas afinal, quanto custava construir um único castelo medieval?
O Bacharel em Psicologia e História Mike Buckley escreve, no Quora, sobre a construção do Castelo de Conwy, do século 13. A empreitada custou na época a bagatela de 15.000 libras.
15.000 libras representavam cerca de 12% de toda a moeda em circulação na ocasião. Com 80 bilhões de libras em circulação no Reino Unido no ano passado, isto seria o equivalente a pouco menos de 10 bilhões de Libras.
Isso falando apenas de custos de construção, não de manutenção, armamento, abastecimento, soldos ou quaisquer outros custos.
O castelo, no entanto, impressiona. Estendendo-se quase ininterruptamente ao redor do coração medieval de Conwy, as muralhas do castelo percorrem surpreendentemente mais de um quilômetro, com 21 torres e três portões ao longo de sua extensão.
Tempos eram outros
Há uma coisa a lembrar que não se aplica mais. Numa sociedade pré-industrial, há períodos de intensa necessidade de mão de obra duas vezes por ano, durante a época de plantio e colheita. Depois haveria um período intermediário de baixa atividade.”, escreve Tomaž Vargazon, PHD em Comunicação e História, no Quora.
Vargazon observa que, antes dos tratores e outras máquinas, eram necessários muitos homens em boa forma nos campos, do amanhecer ao anoitecer. Assim, esse período durava cerca de 2 a 3 semanas, duas vezes por ano. Todavia, entre esses dois períodos, o trabalho seria mais leve.
Inegavelmente, ainda seria preciso cuidar dos animais e da horta, do pomar, e assim por diante. No entanto, boa parte dessas tarefas eram realizadas por mulheres e crianças. A quantidade de trabalho por homem adulto seria talvez de 20 horas de trabalho por semana, as vezes, até menos.
“Isso significa que você tem centenas de homens sem muito o que fazer durante vários meses do ano.”, pontua o historiador. “Pensa-se que alguns megaprojetos, em particular as pirâmides egípcias, tiveram origem como obras públicas, a fim de dar aos camponeses ociosos sobretudo algo de que se orgulhassem e que os deixassem longe de problemas durante os meses de carga de trabalho leve. O custo era principalmente comida que o governo tinha em certa abundância.”, conclui Vargazon.
Sinal de poder
Evidentemente, construir um castelo era extremamente caro. Os Templários gastaram cerca de 1,1 milhão de ouro sarraceno apenas para reconstruir/renovar seu castelo em Safad em meados do século XIII, de acordo com registros. No dinheiro de hoje, isso varia entre 11 e 22 bilhões de dólares.
Assim, o custo de construção de um castelo de primeira linha e de última geração era semelhante ao custo de construção de um porta-aviões moderno.
Os primeiros castelos de madeira provavelmente não eram mais caros de construir do que os navios de madeira usados pelas marinhas medievais. No entanto, ainda eram, e sempre foram, expressões de poder político e desempenhavam uma variedade de funções governamentais e defensivas.
Fontes: McNeill, 1992 / National Archives / Quora / Wikipedia