A Incorporação Caça F-39 Gripen: Ampliação de Poder para Assegurar a Soberania Aérea Brasileira
As Forças Aéreas mundiais buscam a superioridade aérea para alcançar uma possível vantagem estratégica sobre qualquer eventual inimigo. Na aviação militar da América do Sul, majoritariamente, há o enfrentamento constante de desafios orçamentários que atrasam o seu desenvolvimento. O Brasil busca, permanentemente, manter e ampliar a sua soberania aérea no próprio entorno estratégico da América do Sul. Para isso, no presente, a modernização da frota de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) é fator preponderante.
Nesse sentido, as aquisições dos caças F-39 GRIPEN são estratégicas e visam garantir as capacidades necessárias para a defesa das fronteiras do país, bem como a projeção de poder militar no âmbito regional. Desde a sua criação, a FAB passou por três fases, sendo a mais recente marcada pela consolidação do poder aéreo, por meio do uso de equipamentos e aviônicos modernos. Ressalta-se que a teoria do poder aéreo surgiu no início do século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, quando as aeronaves começaram a ser utilizadas como mais uma forma de fazer a guerra.
Nesse período, o uso estratégico da aviação militar foi amplamente debatido por teóricos, com destaque para Giulio Douhet, oficial de artilharia do exército italiano, sendo considerado o “profeta do poder aéreo”. Ele estabeleceu princípios básicos, como a penetração no território inimigo, o domínio do ar e a organização funcional para o seu emprego. A sua teoria assinalava que a conquista do espaço aéreo significava a viabilidade de destruir alvos prioritários e, ainda, privar o acesso do inimigo sobre determinadas áreas vitais. Consequentemente, nesta teoria, a aeronave é um poderoso material, meio de emprego armado, com atuação por vezes independente, que desempenha um papel fundamental na obtenção da superioridade aérea e na execução de bombardeios estratégicos, sendo este ligado à estratégia da dissuasão.
De modo geral, no espaço global, a evolução do poder em análise alterou, significativamente, a forma como as guerras são travadas, tornando o domínio aéreo uma prioridade estratégica. A partir de 1918, o Brasil começou a receber ajuda dos Estados Unidos da América (EUA) com missões militares aéreas, o que impulsionou o desenvolvimento da indústria aeronáutica no país. Essa parceria fez com que a futura FAB começasse a ser independente, apesar de ainda estar vinculada à Marinha e ao Exército Brasileiro.
Vale lembrar que a aviação militar desempenhou um papel fundamental desde a Segunda Guerra Mundial, gerando inclusive, no Brasil, a criação do Ministério da Aeronáutica. Enquanto isso, nos EUA, eles também perceberam a importância de ter uma Força Aérea própria, para permitir que seus aviadores tivessem a liberdade necessária para formularem as suas doutrinas e cultuarem as próprias tradições.
No período seguinte à Primeira Guerra Mundial, os instrutores aviadores, militares, estadunidenses foram essenciais para a formação dos primeiros pilotos da Marinha brasileira. Além disso, o Brasil adquiriu aeronaves de ataque dos EUA, em 1932, deixando de lado as influências francesas. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil esteve, inicialmente, no meio de uma disputa de influências, entre a Alemanha e os EUA, e acabou se alinhando com os últimos.
No século XXI, além de garantir a segurança nacional, a FAB também coopera para o desenvolvimento do país e na Defesa Civil. Ademais, segundo a sua Política Nacional de Defesa (PND), a rivalidade regional e a necessidade de dissuasão são motivos relevantes para os investimentos em Defesa no país. Simultaneamente, a Estratégia Nacional de Defesa (END) busca dotar o Brasil de Forças Armadas modernas e capazes de desencorajar propensas agressões. Portanto, a obtenção da superioridade aérea é um objetivo importante, sendo que os caças F-39 GRIPEN potencializam o avanço nessa área.
Nota-se que a evolução da teoria do poder aéreo teve impactos expressivos nos estudos estratégicos, integrando outras doutrinas, como a dissuasão. Desde a segunda metade do século XX, os EUA se valeram do poder aéreo para garantir a sua posição de superpotência militar mundial.
Verifica-se que o poder aéreo trouxe inovações marcantes para os conflitos militares, revolucionando as guerras. A busca pela conquista e a manutenção da superioridade aérea é fundamental para a garantia da Defesa e da Segurança de um país. Dessa forma, a capacidade tecnológica é fundamental no poder aéreo, superando até mesmo o fator humano, desenvolvido com o treinamento e pela doutrina.
Observa-se que o projeto F-39 GRIPEN foi idealizado para incrementar o acervo da FAB, com aeronaves tecnologicamente avançadas. A influência dos EUA sobre a FAB e a aquisição dos caças suecos F-39 GRIPEN evidenciam a premissa brasileira de buscar a melhor tecnologia disponível, considerando um orçamento compatível. Assim, essas aeronaves contribuem para a superioridade aérea do Brasil no monitoramento do espaço aéreo nacional.
Finalmente, o Brasil, buscando manter a sua liderança regional, precisa sustentar a superioridade em seu espaço aéreo e na extensa faixa de fronteira terrestre, mantendo alinhamento com a PND e a END. Em consequência, a implementação da modernização da FAB, com os caças F-39 GRIPEN, é uma necessidade premente a fim de resguardar a soberania nacional contra possíveis invasores.
Texto de colaborador Eduardo Freitas Gorga