De acordo com o Ministério da Defesa, o Brasil “intensificou ações defensivas” ao longo de sua fronteira norte, ao mesmo tempo que monitora a disputa territorial entre seus vizinhos, Guiana e Venezuela.
“O Ministério da Defesa tem monitorizado a situação. As ações defensivas têm sido intensificadas na região fronteiriça norte do país, promovendo uma maior presença militar”, disse o gabinete em comunicado, de acordo com a agência de notícias Reuters.
O esforço do Brasil para transferir mais recursos militares para o norte ocorre em meio a tensões crescentes entre a Venezuela e a Guiana sobre uma região rica em petróleo conhecida como “Guiana Essequiba”. Essa região constitui mais de dois terços da massa terrestre total da Guiana.
As reivindicações da Venezuela sobre a região de Essequibo, que têm sido a fonte de uma disputa territorial de longa data, foram reacendidas nos últimos anos, principalmente após a descoberta de petróleo e gás pela Guiana perto da fronteira marítima.
Referendo convocado pela Venezuela deve decidir futuro da região
A fronteira significava pouco até que a ExxonMobil descobriu petróleo em 2015 em Essequibo. Outra grande descoberta recente revelou que as reservas da Guiana são maiores que as dos Emirados Árabes Unidos ou do Kuwait.
No dia 3 de dezembro, os venezuelanos votarão num referendo sobre “os direitos” da Essequiba. A Corte Internacional de Justiça deverá decidir na sexta-feira sobre um pedido da Guiana para que o referendo seja cancelado. O governo da Venezuela disse que irá em frente, aconteça o que acontecer, pois não reconhece a jurisdição da corte.
O Ministério das Comunicações da Venezuela, contudo, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as ações do Brasil.
Posição brasileira sobre a crise
Devido às crescentes ameaças do governo venezuelano, o vizinho Brasil entrou em alerta máximo. Pela geografia local, qualquer invasão teria de passar pelo território brasileiro, visto que a fronteira Venezuela-Guiana é uma selva densa sem nenhuma estrada.
No entanto, a logística significa que uma invasão permanece improvável. Mesmo assim, a Guiana teria pedido ajuda aos EUA caso isso ocorresse.
“Vemos com preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos e amigos”, declarou à imprensa a embaixadora Gisela Maria Figueiredo, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty.
A diplomata, no entanto, frisou que a posição brasileira é da busca pela paz. “No momento em que varias regiões do mundo estão com conflitos militares, [é importante que] a América do Sul permaneça um ambiente de paz e cooperação”, ressaltou. Figueiredo ainda declarou que o Brasil mantém diálogo com ambos os lados com o interesse de buscar uma “solução pacífica”.
De acordo com informações do jornal O Globo, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, solicitou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo brasileiro dialogasse com Maduro afim de rever sua intenção de invadir o país.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, viajou a Caracas nesta terça-feira, dia 28, para discutir o assunto. Celso Amorim pediu que Maduro busque o diálogo e baixe o tom sobre as ameaças de invasão territorial, para evitar “uma situação de instabilidade regional”.
Lula deve se reunir pessoalmente com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, na cúpula climática COP28 em Dubai este semana, de acordo com a imprensa.
Fonte: Geopolitical Dispatch / Reuters / O Globo