A Marinha do Brasil formalizou a baixa do serviço ativo do Navio de Desembarque de Carros de Combate “Mattoso Maia”. Esta ação foi oficializada através de uma portaria emitida na sexta-feira (03/11), assinada pelo Comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampaio Olsen, como parte de uma medida reflexiva à crise de recursos enfrentada pela instituição.
O afastamento do “Mattoso Maia” do serviço ativo, o primeiro após declarações do Almirante Olsen sobre as adversidades financeiras da Marinha, é emblemático da precária situação orçamentária da Força. Em recente entrevista ao Estado de São Paulo, o Almirante evidenciou a necessidade de investimentos emergenciais para que a Marinha possa manter sua operacionalidade e capacidade de defesa.
A Portaria nº 264/MB/MD, datada de 31 de outubro de 2023, sinaliza o término da vida útil do navio construído nos anos 70, que serviu por 45 anos transportando veículos blindados e tropas. A decisão é uma consequência direta dos cortes orçamentais dos últimos cinco anos, que somam uma defasagem de R$ 3,3 bilhões, afetando a manutenção e os investimentos na frota naval.
A situação é alarmante: 43 navios da Marinha estão próximos de serem inutilizados, uma vez que o orçamento restrito compromete até mesmo a aquisição de combustível e munições. Para o ano de 2023, dos R$ 79 milhões necessários para a recomposição da munição, apenas R$ 6,8 milhões foram disponibilizados. Apenas 57% do combustível requerido para as operações navais foi recebido, pondo em xeque a capacidade da Marinha em desempenhar seu papel de proteção às fronteiras marítimas do Brasil.
A frota, que inclui navios de patrulha costeira, hospitais flutuantes e outras embarcações fundamentais para a defesa e o apoio humanitário, agora perde o “Mattoso Maia”, veterano de numerosas operações militares e humanitárias desde 1989. A Marinha planeja alienar o casco do navio, seguindo a legislação pertinente.
Embora haja previsão de incorporação de 12 novos navios, incluindo quatro fragatas e três submarinos convencionais, o Almirante Olsen ressalta que tais adições são insuficientes diante da escala das necessidades da Marinha para assegurar a soberania nacional e proteger os interesses marítimos do Brasil. Ele defende que é imperativo um aumento de recursos e suporte governamental e social para que a Marinha possa efetivamente cumprir sua missão constitucional.