O artigo do E-International Relations intitulado “China in the Pages of Americas Quarterly: Three Interpretations” oferece uma visão interessante de como o crescimento da China é percebido pelo prismo da política de segurança nacional norte-americana, refletindo preocupações que têm sido cada vez mais evidenciadas em publicações oficiais dos militares americanos, como a Revista Diálogo Américas, recorrentemente mencionada aqui na Revista Sociedade Militar. As publicações dos militares dos EUA têm frequentemente destacado as interações da China com países da América Latina, apontando supostas ilegalidades, armadilhas financeiras e possíveis segundas intenções em várias negociações e projetos realizados pela China com nações da região.
A primeira interpretação do artigo na E-International Relations sugere que a crescente influência da China representa um desafio direto à ordem internacional liderada pelos EUA, uma preocupação que se estende às atividades da China na América Latina, onde a presença chinesa é vista com suspeita de minar a influência americana e potencialmente desestabilizar a região sob o pretexto de cooperação econômica.
“De acordo com essa visão, as incursões regionais da China são ‘baseadas no poder agudo” definido como ‘[…] o uso de recursos estatais de forma intencional e proativa para manipular comportamentos e ações em Estados estrangeiros”
A segunda interpretação examina a fundo as dimensões econômicas da relação entre EUA e China, destacando a interdependência e as vulnerabilidades estratégicas que surgem. Isso é particularmente relevante no contexto latino-americano, onde os Estados Unidos estão atentos e cada vez mais preocupados com as táticas econômicas da China que podem criar dependência ou comprometer a segurança nacional dos países da região e, por extensão, dos próprios Estados Unidos.
A terceira interpretação foca na competição ideológica entre as duas nações. A promoção do modelo autoritário chinês é vista como uma ameaça aos valores democráticos, uma questão que ganha contornos ainda mais críticos na América Latina, onde a influência chinesa pode reforçar regimes autoritários, como o da Venezuela, e contrariar os esforços dos Estados Unidos para promover a democracia e direitos humanos.
Em resumo, o artigo encapsula a complexidade das preocupações de segurança nacional dos EUA em relação à estrategia da China. As interpretações apresentadas no America’s Quarterly, juntamente com as análises de publicações militares americanas, refletem uma apreensão profunda sobre as intenções da China e as implicações de seu crescimento para a posição dos Estados Unidos no mundo e, mais especificamente na América Latina, campo anteriormente considerado inviolável, uma espécie de quintal geopolítico dos norte-americanos.
Robson Augusto – Leia o artigo original em: China in the Pages of Americas Quarterly: Three Interpretations (e-ir.info)