A Marinha do Brasil decidiu implementar a internet Starlink, uma rede de satélites desenvolvida pela empresa de Elon Musk, em seus principais navios. O objetivo é assegurar uma conexão estável em alto mar.
Especialistas, no entanto, expressam preocupações quanto aos riscos associados à dependência desta tecnologia americana. Fabro Steibe, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia & Sociedade (ITS), enfatiza que “o Brasil não tem controle sobre a infraestrutura de dados dos serviços de internet de Elon Musk”. Ele adiciona que “o empresário possui controle total sobre a tecnologia e os dados gerados”.
O ITS, uma organização de pesquisa independente e sem fins lucrativos, atua como consultor especial da ONU. A adoção da Starlink pela Marinha pode trazer implicações para a segurança nacional, especialmente considerando a influência crescente de Musk na geopolítica global, exemplificada por sua participação no conflito da Ucrânia.
“A situação é comparável a ter Musk ciente de tudo o que acontece na Amazônia enquanto o governo brasileiro não”, destaca Steibe, realçando a necessidade de cautela.
A Marinha, conforme informado pelo portal Terra, assegura que dados militares não serão transmitidos via Starlink. Apesar disso, especialistas ressaltam a dificuldade em garantir completamente essa separação de informações.
Além do Brasil, outros países compartilham preocupações sobre a Starlink. A NASA já manifestou inquietação com o crescimento acelerado da empresa, que lançou cerca de 5 mil satélites e planeja expandir para 42 mil. Esta expansão, em um ambiente de regulação espacial ainda incipiente, afeta pesquisas astronômicas e pode interferir em outros sistemas.
Questionamentos sobre a Aquisição de Antenas Starlink pela Marinha
Os kits Starlink adquiridos para três navios da Marinha foram comprados com dispensa de licitação. A Lei nº 14133/2021 permite tal dispensa em contratações de valores inferiores a R$ 57.208,33 para serviços, segundo o Comando da Marinha.
Alan Cristino Alves, proprietário da empresa que forneceu os equipamentos, citou razões estratégicas para não revelar a origem dos produtos. Ele também mencionou que não planeja realizar mais vendas devido às burocracias da Starlink.
O custo de um kit marítimo da Starlink para o navio de pesquisas Ary Rongel foi de R$ 54 mil para um período de seis meses, vendido pela Alvarenga e Linhares Comércio e Serviços, uma empresa do interior do Rio de Janeiro.
Fonte das informações: Terra.