Forças Armadas. Por que precisamos delas?
Talvez o maior legado dos militares para o Brasil seja a defesa da Pátria, ou a garantia da soberania nacional, da liberdade do nosso povo para sermos uma nação livre, ainda que, de forma pouco visível e reconhecida pelo brasileiro. Mas o fato do Brasil ser o maior país da América Latina com uma imensa faixa de fronteira terrestre, marítima e com um espaço aéreo de quase 23 milhões de km².
Sendo ainda o país mais rico do continente, o Brasil necessita da garantia de defesa militar bélica conforme o previsto no Art. 142 da nossa Constituição Federal.
Estar preparado para a guerra em tempos de paz é um exercício diário de homens e mulheres que optam por seguir a carreira militar. E talvez ser militar seja desistir de ser um cidadão brasileiro com todos os seus direitos plenos, o militar não pode se filiar em partido político, não pode fazer greve e nem se sindicalizar.
Ao optar em ser militar o cidadão concorda em viver em um ambiente de trabalho pautado em rígidos regulamentos militares, o regulamento disciplinar do Exército, por exemplo, prevê a prisão como punição disciplinar. O militar seja aquartelado ou onde estiver, representa a sua instituição militar podendo facilmente ser considerado em seus atos, como um transgressor disciplinar violando preceitos de ética, deveres e obrigações militares. Ea vida na caserna é tensa e envolve constante rotina de atividades militares voltadas para a preparação para a guerra.
Segundo o Historiador do Reino Unido John Keegan, especialista em História Militar. “A guerra está indiscutivelmente ligada à economia, à diplomacia e à política, como demonstram os teóricos. Mas a ligação não significa identidade ou mesmo semelhança. A guerra é completamente diferente da diplomacia porque precisa ser travada por homens cujos valores e habilidades não são os dos políticos e diplomatas. São valores de um mundo à parte, um mundo muito antigo, que existe paralelamente ao mundo do cotidiano, mas não pertence a ele…a cultura do guerreiro jamais pode ser a da própria civilização.”
Nesse sentido, ao se tratar da defesa do território nacional, o militar é o profissional da guerra, é aquele que detém o direito constitucional para usar a violência militar institucionalizada, em defesa da Pátria, contra o inimigo que ameace a soberania nacional. Manter uma tropa militar especializada em tempo de paz é uma tarefa difícil, cara e algo sem sentido político e de difícil justificativa teórica e social. Os representantes políticos do povo não conseguem ou não querem justificar a necessidade não somente da manutenção das nossas Forças Armadas, mas também da sua modernização para enfrentar os novos desafios tecnológicos que vão exigindo mais recursos para pessoal especializado e material bélico tecnológico. Para administrar toda a complexa estrutura de aproximadamente 360.000 militares na ativa e maisde um milhão de reservistas é necessária uma máquina operacional e administrativa, pesada que opera diuturnamente em todos os rincões do país em terra, mar e ar.
Para ser militar temporário ou de carreira, é requisito ser aprovado em seleção ou concurso público, com alto índice de exigências e de dificuldades, pondo a prova a capacidade do candidato a careira militar, exigindo aptidões especiais como, excelente condicionamento físico, prova de saúde e prova intelectual. Aqueles que ingressam as diversas escolas de formação militar, seja da Marinha, do Exército ou da Força Aérea, serão levados a alto índice de estresse, para testar sua capacidade de desenvolver sua aptidão militar num ambiente semelhante ao de uma guerra.
O ambiente de um quartel diariamente é tenso, com uma rotina rígida baseada na hierarquia e na disciplina exigem do militar uma adaptação aos mais diversos tipos de privações, como o do sono e do tempo livre para o lazer com a família. As formaturas, serviços de escalas, missões e o aperfeiçoamento constante vão acompanhar o militar até a sua reserva (ou aposentadoria).
O soldo do militar (pagamento atribuído ao militar), apesar de ser visto como oportunidade por muito jovens atraídos aos concursos militares, parecendo estar acima da média do salário-mínimo, logo no início da carreira se revela não compensador considerando o nível de responsabilidade e de trabalho estressante exercido pelos militares. Levando muitos a desistirem da carreira e optando por outro concurso público ou mesmo regressando a vida civil para realizar outra atividade laboral.
Relegadas a poucos investimentos públicos, com prioridade mínima no Orçamento Público, as Forças Armadas contam atualmente com um alto índice de rejeição popular e uma insatisfação interna que reclama da defasagem do soldo, em relação ao alto custo de vida do brasileiro, principalmente porque ao militar é exigido dedicação exclusiva a carreira, não sendo permitido exercer outra atividade econômica, ainda que em tempo vago.
Mas a História militar do Brasil, deixou registrado em fontes documentais que hoje podem ser estudadas em livros, dissertações e teses acadêmicas, a importância das nossas Forças Armadas para a manutenção da paz no território nacional e principalmente em tempos de paz, o socorro social ao nosso povo.
Concluindo, considerando que estamos vivenciando guerras de “longe”, (Rússia e Ucrânia); e ruídos de “guerra de perto” (com uma possível beligerância aqui no nosso “quintal”, na região de Essequibo), envolvendo as fronteiras da Venezuela e da Guiana. Precisamos das nossas Forças Armadas, com nossos militares treinados, especializados e bem recompensados financeiramente para nos proteger e a nossa família contra qualquer ameaça externa ou interna.
Os militares das Forças Armadas representam o povo brasileiro, são aqueles que juram morrer pela pátria amada se necessário for, que se dedicam a servir ao país. O militar tem que estar sempre pronto, é “superior às intempéries do tempo”, tarefa árdua é ser militar no Brasil, considerando a falta de uma cultura de patriotismo, de entendimento da necessidade do serviço militar obrigatório ou voluntário.
Marinha, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira compõem um complexo sistema de defesa militar. Que além de pensar e executar a defesa do país, guarnecendo as fronteiras, trabalhando internamente como socorro a população em risco. Também executam tarefas importantes como, missões de ações cívicos sociais, missões de socorro a catástrofes e acidentes, ações de garantia da lei e da ordem(GLO), missões de caráter humanitário, missões de paz em outras nações e outras tantas missões as quais são requisitadas a atuarem. Esse complexo sistema de defesa chama-se Forças Armadas do Brasil.
Sendo assim, é necessário que o cidadão brasileiro consciente, busque compreender e entender as Forças Armadas e seu papel na sociedade. E, usando do seu direto constitucional, exigir dos seus representantes eleitos, atuações nas câmaras legislativas do país, apoio para a manutenção e aperfeiçoamento das Forças Armadas, sobre o risco de perdermos nossa capacidade defensiva e sermos ameaçados por força militar inimiga. Termos Forças Armadas preparadas, modernizadas e reservistas mobilizáveis. Não é supérfluo! Mas imprescindível para o Brasil.
Edwaldo Russell Filho- Mestre e Doutorando em História Militar pela Universidade Salgado de Oliveira.- E-mail: [email protected]