Ao longo dos últimos anos, a China vem expandindo rapidamente o seu poder militar. Similarmente, o seu assédio naval e aéreo a Taiwan não só se tornou cada vez mais agressivo, como também aumentou, tanto em frequência quanto em quantidade. Se o líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, ordenar a captura de Taiwan, os Estados Unidos e seus aliados ocidentais precisarão agir rapidamente para ter chances de defender a ilha.
No entanto, a agência de notícias Reuters apontou em um longo relatório publicado nesta quinta-feira que a China, uma potência nuclear aparentemente imbatível, também tem suas próprias fraquezas, ou seu próprio “calcanhar de Aquiles”.
O Oceano Índico
O relatório da Reuters destacou no que quase 60 superpetroleiros carregados com petróleo bruto viajam entre o Golfo Pérsico e vários portos chineses, todos os dias. Esse petróleo é responsável pelo abastecimento e funcionamento de mais da metade da economia chinesa.
À medida que estes superpetroleiros entram no Mar da China Meridional, fica cada vez mais claro que os militares chineses estão se esforçando para protegê-los. Recentemente, o Exército de Libertação Popular não apenas construiu aeroportos militares, como também instalou diversas bases de mísseis em ilhas e recifes disputados na região.
Contudo, assim que os petroleiros entram no Oceano Índico, onde também há navios vindos da África e do Brasil para a China, a projeção de força do Exército de Libertação Popular fica imediatamente fora de alcance. Este é um lugar onde a Marinha dos EUA reina absoluta.
O Oceano Índico é, portanto, a real definição do calcanhar de Aquiles das Forças Armadas chinesas.
Petróleo, sempre ele
De acordo com David Brewster, especialista em segurança da Universidade Nacional Australiana, em uma grande guerra, os petroleiros chineses que viajam no Oceano Índico “se encontrariam vulneráveis a ataques”.
“Os navios chineses ficariam presos no Oceano Índico… e teriam pouca ou nenhuma cobertura aérea porque não teriam bases ou instalações próprias em que confiar”, disse Brewster à Reuters.
De acordo com 12 especialistas consultados pela Reuters, esta enorme vulnerabilidade dá aos adversários da China uma plataforma de múltiplas opções, especialmente em uma eventual guerra prolongada, como a que ocorre atualmente entre Rússia e Ucrânia.
Os analistas disseram que, numa guerra em grande escala, um navio-tanque que possa transportar 2 milhões de barris de petróleo bruto será definitivamente um alvo importante para o inimigo afundar ou capturar. O relatório observa que esse fato poderia ser crucial para persuadir a China a não tomar medidas contra Taiwan. Ou ainda, para aumentar posteriormente o custo da sua invasão à ilha.
O Pentágono estima que cerca de 62% do petróleo bruto da China e 17% do seu gás natural são importados por via marítima. Essas importações devem passar sobretudo pelo ponto de estrangulamento do Estreito de Malaca, que liga o Oceano Índico ao Mar da China Meridional.
Um ataque iminente à vista?
Nos últimos anos, o Exército de Libertação Popular tem conduzido extensivos treinamentos e exercícios no mar e no espaço aéreo ao redor de Taiwan. Além disso, à medida que se aproximam as eleições gerais de Taiwan, o ELP intensificou a sua pressão militar e intimidação contra Taiwan.
O diretor da CIA, William Burns, testemunhou perante o Congresso em fevereiro deste ano que Xi Jinping ordenou ao Exército de Libertação Popular que se preparasse para atacar Taiwan em 2027. A data coincide com o 100º aniversário da fundação do Exército de Libertação Popular.
Desde que assumiu o poder, Xi Jinping enfatiza que o ELP precisa ser cada vez mais capaz de projetar poder militar global. O objetivo seria sobretudo proteger as principais rotas comerciais marítimas da China.
No entanto, alguns analistas acreditam que, num conflito, a China seria incapaz de proteger estas linhas vitais do comércio marítimo. Devido ao aumento das necessidades energéticas, o custo para uma longa guerra contra Taiwan seria insustentável para Pequim.
A Reuters contatou o Ministério da Defesa Nacional da China para comentar as capacidades da China no Oceano Índico, mas não obteve resposta.
Fontes: Reuters / Voa Chinese