As mudanças provocadas pela mudança de poder na Argentina já podem ser sentidas dentro das Forças Armadas do país. Com decretos do presidente Javier Milei, referendados pelo ministro da Defesa, Luis Petri, e publicados no Diário Oficial, a estrutura militar de poder foi sensivelmente alterada, tendo provocado a reforma de 22 Generais do Exército, conforme descrito pelo jornal argentino La Nación.
Além dessa verdadeira “dança das cadeiras”, o presidente Milei optou por manter á frente de suas Forças Armadas aqueles que estão alinhados à sua ideologia. Entretanto, tais mudanças provocaram um desconforto grande, sobretudo nos altos escalões do Exército, que sofreu suas maiores baixas com a reforma de 22 Oficiais Generais.
O desconforto acima citado não atingiu a Marinha e a Aeronáutica, assim como pouco afetou o moral da tropa do Exército argentino.
Novo comando.
O novo comandante do Exército argentino é o General de Brigada Carlos Alberto Presti. Com a nomeação de um novo chefe, é tradição nas Forças Armadas que os oficiais superiores mais antigos se aposentem. Presti, por sinal, era o 22º na cadeia de sucessão.
De acordo com o Clarín, este foi o maior “expurgo” desde Néstor Kirchner. Nas demais Forças, as reformas (aposentadorias) foram em menor número. Na Armada foram reformados sete Almirantes, enquanto na Força Aérea somente três Brigadeiros “pijamaram”.
O que é “pôr o pijama”?
Essa é a expressão usada aqui no Brasil nas três Forças. Isso ocorre quando um Oficial General é escolhido para determinado Comando/função, mas há outros mais antigos que não foram escolhidos. No caso destes que foram descartados para assumir a função ou comando, ficaria impraticável permanecer na ativa, já que receberiam ordens de um militar hierarquicamente inferior. Sem outra opção, esses oficiais “optam” pela reforma ou “põem o pijama”.
Quebra de hierarquia?
A escolha dos Oficiais Generais que estarão à frente durante o mandato do presidente da República é algo indiscutível, não cabendo recurso ou ponderação por parte dos que foram excluídos desta escolha. Contudo, precisamos frisar que não há quebra de hierarquia, já que essa seleção cabe somente ao presidente, apesar de este receber assessoramento por parte do Ministro da Defesa ou equivalente.
No caso deste novo staff, o presidente Javier Milei fez uma manobra muito perigosa ao descartar tantos Generais de uma única vez. Goste ou não, o fato é que esses generais foram responsáveis pela formação de muitos oficiais que estão na ativa e nutrem por eles um grande respeito. Não há, inicialmente, a possibilidade de instabilidade no comando e controle das Forças Armadas por parte do novo presidente, porém é indiscutível que esta decisão política gerou um desconforto grande entre o generalato argentino.
Alguns dos oficiais reformados.
Entre os nomes dos oficias que foram reformados em função das novas lideranças militares estão: Tenente General Pereda, Generais de Divisão Martín López Blanco e Gustavo Alejandro Garcés Luzuriaga, os Generais de Brigada Aníbal Luis Intini, Roberto Agüero, Miguel Ángel Juárez, Julio César Berden, Javier Alberto Palazón, Sergio Maldonado, Jorge Puebla e Alexis Dubovik, entre outros.
Novos nomes.
Estes são os Oficiais Generais (exceto Petri) que assumiram o comando estipulado ao lado de seus nomes:
Luis Alfonso Petri, ministro da Defesa;
General de Brigada Carlos Alberto Presti, Comandante do Exército;
Contra-Almirante Carlos María Allievi, Comandante da Armada;
Contra-Almirante Marcelo Dalle Nogare, segundo em comando na Armada Argentina;
Major-Brigadeiro Fernando Luis Mengo, Comandante da Aeronáutica; e
General de Brigada Xavier Julián Isaac, chefe do Estado-Maior Conjunto.
Texto por Franz Lima. Matéria baseada em artigos dos jornais argentinos Clarín e La Nación.