Vamos aos fatos: EUA, Israel, Rússia, Ucrânia, Canadá e outros exércitos (Forças Armadas) ao redor do globo aplicam mulheres nas linhas de combate. Não se trata, entretanto, de mulheres com funções em áreas de enfermagem ou burocráticas, são combatentes operativas que se expõem, tal qual os homens, à morte no campo de batalha. Isso, entretanto, é algo que gera resistência no Exército Brasileiro, cujas fileiras possuem mulheres, porém, sob a alegação de falta de capacitação por causa da fisiologia feminina, certas funções não devem ter militares do sexo feminino.
Fisiologia feminina.
Sim, geneticamente as mulheres tendem a não ter a mesma força física de homens. Isso, entretanto, não é uma justificativa plausível quando, em tempos de mulheres fisicamente fortes e com resistência à altura de um homem. Há, inclusive, casos em que estas têm atributos físicos equiparáveis ou até superiores ao de um indivíduo do sexo masculino, principalmente se variarmos as comparações.
Explicar o parágrafo acima é fácil. Tentem compreender que não há apenas indivíduos fortes e preparados nas Forças Armadas. Ao contrário, temos um contingente onde muitos têm problemas mentais, de saúde e até alguns com limitações que podem até excluí-los das fileiras. Sendo assim, qual o problema em ter mulheres em cursos como CIGS, ComAnf, MEC e outros? Não são os processos seletivos e os cursos em si capazes de separar os capacitados (seja qual for o gênero) dos incapazes?
Desde que a mulher tenha capacidade física e mental para suportar as agruras do curso e o que vem após ele, nada há que possa justificar o impedimento do ingresso dela. Isso, aliás, foi visto no filme “Até o limite da honra”, cuja protagonista – interpretada por Demi Moore – se entrega de corpo e alma para ingressar nas fileiras de um grupo de elite militar norte-americano.
Claro, a ficção nem sempre retrata a dura realidade. Mas, para mostrar que nem todos veem as mulheres militares como meras burocratas, basta olhar o atual cenário de guerras, principalmente as travadas entre Rússia x Ucrânia e Israel x Hamas. Nestes conflitos o emprego de mulheres combatentes é uma realidade. Afinal, se a pátria estiver sob ataque, todos os que podem ingressar no front devem fazê-lo.
Logisticamente, o contingente de um país em guerra tende a diminuir conforme as baixas surjam. Conflitos duradouros como Rússia vs Ucrânia mostram que nem sempre é possível contar unicamente com os combatentes do sexo masculino. Nestes casos, mulheres treinadas e aptas para o combate em campo serão, obviamente, as substitutas dos que perderam a vida no conflito.
Exército Brasileiro.
Não se trata apenas do EB. Na verdade, Marinha e Aeronáutica também se mostram reticentes quanto ao emprego de mulheres em funções “tipicamente” masculinas. É comum vê-las aproveitadas em funções burocráticas ou na área de saúde. Os motivos? Essa é uma boa pergunta.
Ainda que pareça repetitivo, temos muitas mulheres que podem ser úteis em situações extremas quando, certamente, receberam o treinamento adequado.
Contudo há uma “cultura” de “proteção” à mulher militar que impediu que muitas delas alcançassem o Generalato, por exemplo. Essa política, ditada pelos oficiais Generais, faz com que nunca sejam abertas vagas para mulheres nos cursos mais difíceis, mesmo com o gradual avanço do corpo feminino em todas as Organizações Militares do país.
Solução.
Os mesmos militares que não querem ver as mulheres em cursos de combate ou outros de igual complexidade jamais se mostraram contrários à presença de mulheres nos contingentes operativos das Polícias militar, civil e federal. Aliás, as policiais são extremamente profissionais e dedicadas quando estão em funções operacionais.
O que deveria ser adotado dentro das Forças Armadas do Brasil é uma seleção em condições de igualdade, fato que daria a opção de participar ou não dos cursos de aprimoramento em combates, etc. A simples inexistência dessa oportunidade é um ato de segregação e que denota pouca ou nenhuma confiança nas mulheres que ingressaram nas fileiras dessas instituições.
Franz Lima