Logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, o presidente francês Emmanuel Macron procurou ajudar a resolver o conflito diplomaticamente. Durante o primeiro verão da guerra, Macron reiterou que era importante que Moscou não fosse humilhada e que fosse estabelecida sobretudo uma ordem de segurança europeia que incluísse a Rússia.
Mas desde o ano passado, Macron vem mudando drasticamente sua postura diplomática para uma política externa mais agressiva em relação à Putin.
Durante uma conferência em Paris, o presidente francês disse que o envio de tropas ocidentais para combater a Rússia na Ucrânia não poderia ser descartado. A declaração irritou o presidente russo, Vladmir Putin. Posteriormente, ao discursar em Praga, no dia 5 de março, Macron declarou que os europeus não podem ser “covardes” quando se opõem a Moscou.
O que explica a mudança de postura de Macron?
As medidas de Macron ocorrem num momento em que a Ucrânia enfrenta sérios problemas no campo de batalha. Além disso, o apoio militar dos Estados Unidos sofre com atrasos.
Embora o principal objetivo da Ucrânia seja manter-se firme na guerra, o lado de Kiev carece de mão-de-obra, pois luta contra um país com uma população três vezes maior que a sua. A escassez de munições é outro desafio significativo.
Há preocupações de que estas condições encorajem Putin a agir com mais confiança, não só na Ucrânia, mas também, possivelmente, na Moldávia, no Sul do Cáucaso e no Sahel.
Entretanto, Paris também se preocupa cada vez mais com a guerra híbrida da Rússia, sobretudo cibernética e de propaganda, que alegadamente se intensificou contra a França e outros membros da União Europeia. Além disso, Macron quer avançar a sua visão para a autonomia estratégica da Europa em relação a Washington, demonstrando a capacidade da Europa para apoiar Kiev sem contar com os EUA.
“Sem dúvida, as preocupações sobre uma segunda presidência de Trump despertaram os europeus para o fato de que precisam fazer mais pela sua própria defesa”, disse à Al Jazeera Artin DerSimonian, investigador do programa Eurásia do Quincy Institute for Responsible Statecraft. “Essa constatação em todo o continente contribui para o impulso de Macron pela autonomia estratégica.”