Milícias pró-ucranianas reivindicaram vários ataques às regiões fronteiriças russas. Os ataques chamam a atenção principalmente por ocorrerem apenas três dias antes da realização das eleições presidenciais.
Grupos armados compostos por combatentes voluntários russos pró-Kiev, que se opõem ao presidente russo, Vladimir Putin, declararam nesta terça-feira que invadiram as regiões de Kursk e Belgorod.
Os ataques, que de acordo com o Ministério da Defesa da Rússia foram frustrados pelo exército do país, ocorreram ao mesmo tempo que Kiev lançava dezenas de drones e foguetes contra os russos. Esse foi o maior ataque contra a Rússia desde que Moscou iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
O ataque ucraniano incendiou duas refinarias de petróleo na Rússia.
Operação conjunta
Ilya Ponomarev, ex-membro do parlamento russo, declarou via Telegram que os ataques foram realizados por seu grupo em uma “operação conjunta” com o Corpo de Voluntários Russos e o Corpo de Voluntários Siberianos.
No entanto, o Ministério da Defesa da Rússia disse que as suas forças repeliram o último ataque ainda na terça-feira. De acordo com o Ministério, tropas russas lutaram contra vários ataques de “grupos terroristas ucranianos” que tentaram invadir a russia a partir três direções diferentes.
“Todos os ataques ucranianos foram repelidos. O inimigo foi atingido por aeronaves, foguetes e artilharia”, afirma o comunicado.
De acordo com Andriy Yusov, porta-voz da inteligência militar da Ucrânia, os grupos de voluntários russos não agiam sob ordens de Kiev. No entanto, acrescentou que os ataques mostraram que “o Kremlin não está mais uma vez no controle da situação na Rússia”.
Um porta-voz do braço político da Legião da Liberdade da Rússia disse à agência de notícias AFP que o ataque foi programado sobretudo para coincidir com as eleições presidenciais na Rússia, de 15 a 17 de março.
De acordo com o porta-voz, “Isto não é uma eleição de forma alguma. É a próxima etapa de uma usurpação do poder, a formação da ditadura de Putin sob o pretexto de eleições”.
Refinaria de petróleo também foi alvo de ataques
O ataque ocorreu ao mesmo tempo que Kiev lançava um dos ataques de drones mais significativos contra a Rússia durante toda a guerra, que já dura mais de dois anos.
Moscou disse ter abatido 25 drones ucranianos diversas regiões russas. Ondas de ataques de drones continuaram durante o dia, de acordo com o Ministério da Defesa.
Autoridades russas relataram ataques sobretudo a instalações de energia, incluindo um incêndio na refinaria NORSI da Lukoil e um drone destruído nos arredores da cidade de Kirishi, onde fica a segunda maior refinaria de petróleo da Rússia.
Gleb Nikitin, governador da região de Nizhny Novgorod, postou a foto de um caminhão de bombeiros ao lado da refinaria NORSI e disse que os serviços de emergência estavam trabalhando para apagar o incêndio no local.
“Uma instalação do complexo de combustível e energia foi atacada por veículos aéreos não tripulados”, disse Nikitin no Telegram.
De acordo com fontes da indústria falando à agência de notícias Reuters, sob condição de anonimato, que a principal unidade de destilação de petróleo bruto da NORSI foi danificada no ataque. Isso significa que pelo menos metade da produção da refinaria está interrompida.
Quase 40 se feriram em ataque russo à área residencial, incluindo crianças
Um míssil russo atingiu dois prédios de apartamentos na cidade de Kryvyi Rih, no centro da Ucrânia. O ataque matou três pessoas e feriu pelo menos 38. Ainda há equipes de resgate vasculhando os escombros em uma busca noturna por sobreviventes.
Serhiy Lysak, governador da região de Dnipropetrovsk, estimou o número de feridos no ataque em 28 adultos e 10 crianças.
De acordo com Lysak, “Dois edifícios foram atingidos, um de cinco andares e outro de nove andares”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, que nasceu e foi criado em Kryvyi Rih, disse que as operações de busca “continuarão enquanto forem necessárias”. De acordo com Zelenskyy, em seu discurso noturno: “Em resposta, infligiremos perdas ao Estado russo – com toda a razão. Eles no Kremlin devem aprender que o terror não fica impune para eles.”
A cidade de Kryvyi Rih é frequentemente alvo das forças russas. O ataque de hoje seria sobretudo uma resposta às ações de grupos paramilitares anti-Rússia e também ao ataque com drones realizados pelos ucranianos.