De acordo com autoridades russas, a partir dessa sexta-feira, 22 de março, o que chamam de “movimento LGBT internacional” passa a constar na sua lista de grupos terroristas e extremistas.
A implicação dessa ação, no entanto, não ficou imediatamente clara. O órgão de vigilância Rosfinmonitoring tem o poder de congelar contas bancárias de entidades específicas mencionadas na lista, mas não nomeou nenhuma pessoa ou organização em seu site até o momento.
O Supremo Tribunal da Rússia declarou o movimento como “extremista” em Novembro passado, sem dizer a quem se referia. No entanto, o país proibiu de fato o ativismo LGBTQ+ em todo o país.
Ação é condizente com recentes políticas do Kremlin
A Rússia proibiu o que chama de “propaganda gay” entre adultos em 2022, estendendo uma lei anterior que já a proibia entre menores. Isso baniu de vez qualquer representação de “relações sexuais não tradicionais” em público e nos meios de comunicação social.
Um tribunal russo ordenou na última quarta-feira que dois funcionários de um bar gay fossem mantidos em prisão preventiva, acusando-os de organizar uma “organização extremista”, o primeiro caso deste tipo após a decisão do Supremo Tribunal.
Anteriormente, Russia já havia proibido mudanças de gênero
Em julho de 2023, a câmara alta do parlamento russo aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que proíbe os procedimentos de afirmação de gênero.
A medida visava ampliar o esforço do Kremlin para proteger o que considera serem os valores tradicionais do país. O projeto de lei proíbe sobretudo quaisquer “intervenções médicas destinadas a mudar o sexo de uma pessoa”, bem como o seu gênero, em documentos oficiais e registros públicos.
A única exceção é a intervenção médica para tratar anomalias congênitas. Também anula casamentos em que uma pessoa “mudou de gênero”, além de proibir pessoas trans de se tornarem pais adotivos.
Os legisladores retratam a medida sobretudo como uma proteção à Rússia da “ideologia ocidental anti-família”, com alguns descrevendo a transição de gênero como “puro satanismo”.
A repressão da Rússia às pessoas LGBTQ+ começou há uma década, quando Putin proclamou pela primeira vez um foco nos “valores familiares tradicionais”, apoiados pela Igreja Ortodoxa Russa.