Richard Fernandez Nunes se tornou o novo Chefe do Estado-Maior do Exército no último dia 26 de abril, já que o ex-Chefe, General Soares, foi para a reserva após 49 anos de serviços militares.
Entretanto, Nunes não deve ter vida fácil à frente do Órgão de Direção Geral do Exército, mesmo com a experiência de 46 anos na instituição.
Listamos a seguir 4 desafios que o general deve ter à frente da Força Terrestre. Confira:
1 – Disputa da Venezuela e Guiana por Essequibo
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, instituiu no dia 3 de abril uma lei aprovada pela Assembleia Nacional do País que cria um estado venezuelano em Essequibo, região rica em petróleo e outros minerais atualmente controlada pela Guiana. A região é alvo de disputa entre os dois países há mais de um século.
Apesar de não haver clareza sobre o que a Venezuela pensa, na prática, com a nova lei, o ministro da Defesa José Múcio já afirmou que só tem como os venezuelanos chegarem a Essequibo se passarem por território brasileiro.
Nas palavras do ministro, isso não será permitido em “hipótese alguma“. No final de 2023, o Ministério da Defesa brasileiro reforçou o número de militares em Roraima, Estado que faz divisa com a Venezuela e a Guiana.
2 – Queda no orçamento em tempos de conflito no mundo
De acordo com o ministro José Múcio, o orçamento da Defesa do Brasil vem caindo desde o governo Dilma Rousseff. Apesar do mundo gastar, em média, 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto) com a área de defesa, o Brasil gasta apenas 1,1%. A informação foi passada em audiência feita na Câmara dos Deputados em 17 de abril.
O próprio general Tomás Paiva, comandante do Exército, disse que o País não tem, por exemplo, defesas para uma altura de 3 a 15 mil metros do chão. Segundo ele, estão sendo feitos esforços para minimizar a situação, mas a demanda mundial por equipamentos militares está muito alta devido a guerras em países como Israel, Ucrânia e Rússia.
3 – Credibilidade do Exército e Forças Armadas
A imagem do Exército está em xeque para parte da população brasileira. Pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha em setembro de 2023 mostrou que o índice de pessoas que dizem confiar muito nas Forças Armadas atingiu o menor índice da série histórica, que teve início em 2017.
Em abril de 2019, por exemplo, o percentual era de 45%. Já em julho do mesmo ano caiu para 42% e em setembro de 2021 chegou a 35%. Em setembro de 2023 o número apurado pelo Datafolha foi de 34%.
O ex-Chefe do Estado-Maior do Exército, general José Sant’Ana Soares e Silva, atribui o descrédito à escalada na politização dos braços militares nos últimos anos.
“Fomos totalmente capturados pelos assuntos políticos. Tragados pela percepção do golpismo“, declarou ele ao Estado de São Paulo em 21 de junho de 2023.
Não à toa, no último dia 28 de abril, o Exército divulgou uma nova política de moderação de suas mídias sociais, proibindo, por exemplo, manifestações de cunho político ou ideológico e incitem ódio, violência, racismo ou qualquer forma de discriminação.
A política também proíbe apologia a práticas ilícitas, com possibilidade de moderação e exclusão das mensagens e até mesmo encaminhamento das mensagens às autoridades competentes.
4 – Escalada do garimpo ilegal
O garimpo cresceu 361% em terras indígenas na Amazônia de 2016 a 2022, segundo dados divulgados em 26 de abril pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. A porcentagem representa 241 mil hectares, área equivalente a duas vezes a cidade de Belém (PA).
As terras mais afetadas foram Yanomami, Munduruku e Kayapó.
Durante a audiência na Câmara em 17 de abril, o ministro da Defesa, José Múcio, disse que em 2023 foram destruídas 88 balsas de garimpo ilegal no território Yanomami.
Quem é o General Richard?
Richard Fernandez Nunes é natural do Rio de Janeiro e está no Exército desde fevereiro de 1978.
Foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Artilharia, na Academia Militar das Agulhas Negras, em dezembro de 1984. Foi promovido ao posto de general em julho de 2021.
No ano de 2018, foi Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro durante a Intervenção Federal.
Já exerceu também os cargos de Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, de Comandante Militar do Nordeste e de Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército.