Uma crítica bem encaixada feita pelo Montedo, CEO de um dos sites militares mais influentes do país, ao mencionar artigo postado na Revista Sociedade Militar, deixa bem claro o prejuízo causado pela ausência de representação política dos militares brasileiros. Montedo fala sobre a mudez, a falta de argumentação, de defesa de seus pares, de um deputado federal, mas a menção acaba desnudando e deixando a vista de todos os companheiros de caserna seu verdadeiro comportamento atual, distante dos problemas do dia a dia enfrentados pela família militar, uma inversão daquilo que anuciava em suas primeiras candidaturas.
Com exceção dos generais, que representam quase sempre a si mesmos nas tribunas das casas políticas, contando quase sempre com o sorriso compreensivo de deputados e senadores previamente brindados com condecorações militares por bons serviços prestados, o restante da tropa não possui – com raríssimas excessões – representantes que ousem dizer verdades e cobrar atitudes em favor dos militaresque ocupam lugar na base da estrutura das Forças Armadas.
Hélio Lopes, deputado federal em segundo mandato e que em passado quase esquecido mencionou a exaustiva jornada de trabalho de militares e questões de saúde como plataforma de campanha, ao ser eleito deu uma guinada e aparentemente optou pela subserviência aos estrelados. Talvez os títulos honoríficos de “grande oficial” tenham influenciado para que defenda com unhas e dentes tudo que seja da lavra de um general e esqueça que um dia sua esposa esteve nas intermináveis filas de marcação de consulta em um hospital militar. A subserviência de políticos de direita aos generais em grande parte é que faz que com sindicalistas sem sindicatos e psolistas se tornem protagonistas em épocas de “vacas magras”.
Texto do Montedo
“Quem acompanha o blog há mais tempo sabe que sempre defendi a representatividade dos militares federais na política.
Um dos efeitos do fenômeno Bolsonaro foi a eleição de vários militares para o Congresso Nacional. O discurso da quase totalidade desses parlamentares, oficiais em sua grande maioria, é em defesa dos interesses das Forças Armadas como um bloco único, passando ao largo das particularidades inerentes à cada posto ou graduação.
A expressiva votação em dois pleitos habilita o subtenente Hélio Bolsonaro a lutar pelos interesses dos “estamentos inferiores*”. Como sabemos, o deputado carioca optou pela mudez quase permanente e alinhamento automático aos estrelados.
Sem representatividade política, restou aos prejudicados o patético papel de vagar pelos corredores do Congresso, abraçando-se à oportunistas de plantão, ávidos por qualquer pauta que lhes aumente a visibilidade; hoje, esse ‘bastão demagógico’ está nas mãos de Glauber Braga et caterva psolista.
Em minha vida fora da ‘bolha castrense’ – sim, ela existe! – aprendi que, no mais das vezes, audiências públicas servem apenas de vitrine para políticos aproveitadores.
Agora, analisemos o caso em tela:
Um cabo reformado do Exército, legitimado por um mandato popular e com conhecimento – e vivência! – de causa, expõe claramente à alta cúpula da Defesa as dificuldades enfrentadas pelos integrantes do Quadro Especial em função da Lei 13.954.
O deputado Albuquerque (Republicanos – RR) extraiu do Comandante do Exército uma resposta respeitosa e esclarecedora, além do compromisso público do general em conversar sobre o assunto.
Em poucas palavras, o parlamentar fez mais em prol dos militares de patentes inferiores do que toda a retórica demagógica de “representantes” que não representam ninguém, a não ser a si próprios.
É preciso aprender com a política. Ou viver como seu refém.” (Texto em montedo.com)
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar