Notícia veiculada em junho do ano passado no site do Ministério da Defesa mostrava o ministro José Mucio Monteiro no Comando de Artilharia do Exército, em Formosa (GO), acompanhado do Comandante do Exército, General de Exército Tomás Ribeiro Paiva, para assistir a uma demonstração do Sistema Astros 2020, no Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes.
O Astros é um dos principais programas estratégicos da Defesa e o seu desenvolvimento, além de significar avanço na capacidade operacional da Força Terrestre, fomenta a geração de mais de sete mil empregos diretos e indiretos.
“O Astros é um grande avanço tecnológico e demonstra o quanto estamos preparados. Estou bastante impressionado e orgulhoso com o que vi aqui”, ressaltou o Ministro José Mucio.
A modernização do sistema de artilharia do Exército tem o objetivo de contribuir para o aumento do poder dissuasório da Força, fundamental para a garantia da soberania nacional.
Desenvolvido e projetado pela empresa brasileira Avibras, as viaturas lança-mísseis são capazes de atingir alvos entre 10 e 300 km.
De longo alcance, alta precisão e letalidade, possuem capacidade de tiro com recebimento e análise da missão, além de comando e controle, trajetória de voo e controle de danos. Astros é a sigla em inglês para sistema de foguetes de artilharia para saturação de área.
A implementação do projeto teve início em 2012, e a expectativa é de que a conclusão seja em 2031.
Atualmente, o Exército possui 83 viaturas Astros, sendo 44 com LMU (Lançadoras Múltiplas Universal).
HISTÓRIA DE SUCESSO
A Avibras Indústria Aeroespacial é uma diversificada empresa brasileira que projeta, desenvolve e fabrica produtos e serviços de defesa.
Sua gama de produtos abrange tanto sistemas de artilharia e defesa de aeronaves, foguetes e mísseis, como sistemas de armas ar-solo e superfície-superfície, incluindo sistemas de foguetes de artilharias, sistemas ar-solo de 70 mm e mísseis guiados multifunção de fibra óptica. Também fabrica veículos blindados.
A Avibras foi uma das primeiras indústrias aeroespaciais surgidas na região de São José dos Campos em função da formação de recursos humanos especializados pelo ITA.
A Avibras (de “aviões brasileiros”) foi criada em abril de 1961 por Olympio Sambatti, ao lado de José Carlos de Sousa Reis, Aloysio Figueiredo e João Verdi de Carvalho Leite, todos engenheiros recém-formados pelo ITA.
Em seus anos iniciais, a empresa trabalhou no desenvolvimento de uma aeronave de treinamento para a Força Aérea Brasileira, o projeto Falcão, um monomotor de asa baixa e estrutura em material composto.
A Avibras não é uma empresa estatal, mas uma Sociedade Anônima.
DE MAL A PIOR
A companhia, que integra a Base Industrial de Defesa (BID) do Brasil, foi criada em 1964. É fabricante de armamentos como mísseis, lançadores de foguetes e bombas inteligentes, além de insumos para combustível sólido.
Tem cerca de 1,2 mil trabalhadores, que estão em greve há um ano e meio. A paralisação começou em setembro de 2022, devido a sucessivos atrasos nos salários.
A dívida total da Avibras, até abril do ano passado, estava em R$ 376 milhões. Em março de 2022, foi feito um pedido de recuperação judicial. Naquela data foram demitidos 420 trabalhadores.
Posteriormente, os cortes foram cancelados pela Justiça, em resposta a ação movida pelo Sindicato.
MULTIPOLAR
Há notícias em vários veículos pela internet sobre a Avibras e sua venda. Apesar de não haver nenhuma confirmação oficial, o tom geral é de lamento devido à relevância da empresa para a política de defesa do Brasil, principalmente em tempos de multipolaridade geopolítica.
Alguns veículos de imprensa, como o GGN – pela boca do jornalista Luiz Nassif – alardeia que a Avibras foi vendida para um grupo italiano.
Outro site, o jornal Hora do Povo, afirma que foi um grupo australiano, preocupado com o “entorno estratégico conturbado, como é a região da Ásia-Pacífico.” Essa última fonte adianta que o governo Lula já teria autorizado a desnacionalização da empresa.
Em reportagem de 2022, publicada pela última fonte já se revelavam os problemas vividos pela Avibras e por outras empresas da área de Defesa.
Nela, o professor Eduardo Siqueira Brick, de Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança na Universidade Federal Fluminense (UFF), alertava para a necessidade de maior envolvimento do Estado nacional neste assunto.
Já Luiz Nassif, em seu artigo de 1º de abril (Lula vai deixar a Avibrás ser vendida?), crê que há “uma vaga esperança de que Lula acorde para o que está ocorrendo, impeça a venda e ajude na reestruturação da empresa.“