Forças russas continuaram a obter pequenos ganhos na frente oriental da Ucrânia na última semana. No entanto, a Ucrânia manteve firme a maior parte de sua linha defensiva, ao mesmo tempo que continuava a atacar bases militares dentro da Rússia.
Grande parte da pressão sobre os defensores ucranianos provém de bombas planadoras russas. Tratam-se de enormes munições capazes de criar uma cratera de 6 metros de profundidade e 20 metros de largura. Seu raio destrutivo pode chegar a centenas de metros de diâmetro.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, a Rússia lançou 700 destas em apenas uma semana. Segundo o Ministro, a única forma de combater essas bombas é abater o avião que as transporta.
“A Rússia está usando bombas planadoras, juntamente com munições de ataque direto, em grande volume para sobrecarregar a defesa aérea ucraniana”, afirmou o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), com sede em Londres. As bombas planadoras eram originalmente bombas comuns adaptadas com asas para lhes dar alcance, mas o IISS disse que a Rússia desenvolveu uma bomba planadora mais inteligente, guiada por satélite.
Ataques ucranianos dentro da Rússia
De acordo com a mídia ucraniana, citando fontes de inteligência militar e serviços de segurança, a Ucrânia atingiu quatro campos de aviação usando drones: Engels, Morozovsk, Yeysk e Kursk. A Ucrânia causou os maiores danos em Morozovsk, destruindo seis aviões e danificando outros oito. Pelo menos 20 pessoas morreram.
Ainda de acordo com as mesmas fontes, dois bombardeiros estratégicos Tupolev-95 sofreram danos em Engels. Outros três bombardeiros Sukhoi-25 sofreram havarias em Yeysk.
“Se confirmada, a possível perda de cerca de cinco por cento dos bombardeiros estratégicos Tu-95 da Rússia num único ataque seria notável”, disse o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um think tank com sede em Washington, DC. De acordo com o ISW, a perda dos Sukhoi também “não foi negligenciável, já que a Rússia provavelmente tem cerca de 300 aeronaves Sukhoi de asa fixa”.
Ataques de longo alcance da Ucrânia
Além das indústrias de defesa e dos campos de aviação, a Ucrânia tem como alvo as refinarias de petróleo russas. Estes ataques reduziram sobretudo a capacidade de refino russa. De acordo com fontes ucranianas, ao menos 14 por cento da capacidade petrolífera russa foi afetada. Além disso, os preços nas bombas de combustível aumentaram consideravelmente. Posteriormente aos ataques, a Rússia proibiu a exportação de combustíveis refinados.
De acordo com três fontes não identificadas falando à agência de notícias Reuters, a Rússia pediu ao Cazaquistão que criasse uma reserva estratégica de 100.000 toneladas de gasolina para uso russo.
Os drones de superfície ucranianos também atingiram portos e navios russos, afundando ou incapacitando pelo menos metade da Frota do Mar Negro.
Na última segunda-feira, a inteligência militar da Ucrânia reivindicou outro sucesso, desta vez causado por um aparente dispositivo incendiário, contra a corveta Serpukhov. Um vídeo divulgado pela inteligência mostra um grande incêndio no navio. De acordo com a inteligência ucraniana, a corveta deve ser desativada para reparos por um longo tempo.
A Rússia enfrenta escassez de mão-de-obra, sobretudo para recrutar homens para a frente, algo que o presidente Vladimir Putin reconheceu numa reunião com sindicatos na quinta-feira. De acordo com Putin, é “extremamente importante” para a força de trabalho aumentar a produtividade, ou seria necessário convocar mais imigrantes.