O empresário e comunicador Pablo Marçal foi incluído pelo Governo em uma lista de disseminadores de fake news e será investigado pela Polícia Federal por suas críticas à atuação pública e das forças armadas no Rio Grande do Sul.
Segundo um documento do governo enviado ao Ministério da Justiça, Marçal estaria disseminando conteúdo desinformativo sobre a atuação das autoridades nos desastres ambientais ocorridos no estado. Veja a seguir trecho do documento:
“Pablo Marçal – Em vídeo publicado no dia 05/05/2024 na plataforma X, Pablo Marçal veicula conteúdo desinformativo em relação à atuação do poder público nos desastres ambientais ocorridos no Rio Grande do Sul.
“Dentre as afirmações contidas no vídeo, estão que ‘a Secretaria da Fazenda do Estado está barrando os caminhões de doação’, ‘não estão deixando distribuir comida, marmita’ e que ‘esse é ano político, a mídia não vai mostrar direito o que tá acontecendo, entendeu? Por causa dos políticos’. Tal conteúdo, vale dizer, já foi inclusive desmentido pela Secretaria da Fazenda do RS e por portais de notícia como o Diário do Centro do Mundo.”
A versão de Pablo Marçal
O empresário argumenta que o governo estaria multando caminhões que chegam ao Rio Grande do Sul com doações de alimentos e suprimentos. O programa “Tá na Hora”, do SBT, mostrou caminhoneiros sendo multados ao chegarem com doações para as vítimas das enchentes que assolaram a região. Um caminhoneiro declarou: “Meu caminhão é para 55 mil kg e fui multado por [inaudível]. Estou com o caminhão carregado para levar ajuda à região de Porto Alegre, e eles me multaram por isso.”
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que não está retendo veículos com doações e que as multas relacionadas a medidas emergenciais serão canceladas. Márcia Dantas, apresentadora do programa, afirmou que os caminhoneiros multados podem recorrer dessas penalidades.
Investigações ampliadas
Além de Marçal, o pedido do governo para investigar supostas fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul inclui publicações feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG). O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, encaminhou um ofício ao Ministério da Justiça e Segurança Pública solicitando a investigação das postagens.
O documento afirma essas informações afetam a credibilidade das instituições envolvidas, como o Exército, FAB e PRF, comprometendo as operações de resgate e evacuação. O governo pede a identificação e responsabilização das condutas.
Outro lado
O senador Cleitinho declarou que não cometeu fake news e apenas divulgou as dificuldades na entrega de doações relatadas pelos meios de comunicação. O deputado Eduardo Bolsonaro e o influenciador Pablo Marçal ainda não se pronunciaram sobre o pedido de investigação.