O Curso de Comando e Estado Maior é considerado como um dos passaportes para o futuro ingresso nas listas de promoção ao generalato, só são matriculados e aprovados os oficiais de alto status e que realmente se enquadram na forma que os tradicionais membros do Alto Comando esperam.
Nas palavras do Doutor Everton Araujo dos Santos, professor da AMAN, em tese publicada recentemente – o egresso do curso de Comando e Estado maior é um “Oficial sério, que tem uma postura elegante e profissional, que joga tênis, bebe moderadamente whisky 12 anos, viaja todos os anos para a Europa ou para os Estados Unidos; sabe tanto estar numa situação real de combate quanto numa recepção ao lado das mais altas autoridades da República…”
Mauro Cid foi designado como Ajudante de Ordens em 13 de dezembro de 2018, poucos dias após concluir o doutorado na ECEME
Mauro Cesar Barbosa Cid entregou seu trabalho de conclusão de curso na ECEME em 21 de novembro de 2018, concluindo uma importante etapa na corrida para se tornar oficial general. 22 dias depois, em 13 de dezembro, ele foi designado pelo então Comandante do Exército, general Villas Bôas, para um dos cargos mais desejados dentro das Forças Armadas, o de ajudante de ordens do presidente da república, designação “de ouro”, outro passo importantíssimo na carreira, praticamente um passaporte que garante promoções até o posto de General de Exército.
O trabalho de conclusão de curso de Mauro Cid na ECEME tinha como objetivo principal entender quais seriam os desdobramentos e as implicações do emprego da tropa brasileira no Oriente Médio dentro de um cenário de envio de um Batalhão de Paz para a UNIFIL.
O texto explorou a possibilidade de participação de militares brasileiros em missões no Oriente Médio e as vantagens que isso poderia trazer para as Forças Armadas. Na conclusão do trabalho, Cid deixa claro que alguns enxergam as missões por um prisma superficial e pouco altruista: apenas um aumento de salário, forma de facilitar aquisição de equipamentos etc. Cid diz que há mais implicações, chega a mencionar as possibilidades de o Brasil se tornar alfo de terrorismo e – por fim – o oficial diz que as missões poderiam favorecer na divulgação de equipamentos produzidos pelo Brasil: “… Grarani e o KC 390, seriam amplamente empregados em operações reais e seriam largamente divulgados…”
A participação em missões na UNIFIL não representa apenas um aumento de salário para os militares
Extrato da conclusão da tese de Mestrado do então major Mauro Cid, em que em dezembro de 2018 foi designado para o Gabinete de Segurança Institucional e consequentemente para a Ajudância de Ordens do Presidente da República.
“CONSIDERAÇÕES FINAIS : Por enquanto, uma resposta concreta para a questão dos desdobramentos e das implicações do emprego de tropas brasileiras no Oriente Médio permanece no campo dos estudos e das discussões acadêmicas… A participação na manutenção da paz da ONU não representa apenas um aumento dos salários militares e uma chance de aquisição de equipamento de defesa suplementar, mas também um impulso moral para os militares, devido ao prestígio associado à sua participação em uma iniciativa internacional de alta visibilidade… Conclui-se, portanto, que um emprego de tropas terrestres em uma missão de paz da ONU no Oriente Médio traria grandes resultados para o país, assim como foi o Haiti. O Brasil e suas Forças Armadas encontram-se hoje melhor preparadas para esses desafios em função da experiência obtida em missões anteriores. O sucesso alcançado pelo país na MINUSTAH foi claramente reconhecido pela ONU e pela própria comunidade internacional.”
O trabalho completo, que garantiu para o então major Mauro Cid o título de Doutor em Ciências Militares, pode ser lido no repositório de documentos militares.
Robson – Revista Sociedade Militar