A Marinha do Brasil teve que resgatar uma baleia no último dia 5 de junho. O mamífero aquático havia ficado preso em uma rede de pesca de arrasto na praia de Ponta Negra, em Maricá (RJ).
O caso veio à tona devido à denúncia de um grupo de pescadores. Nesta última segunda-feira, 17 de junho, eles tiveram um vídeo publicado pelo Inmar (Instituto Núcleo Maré), explicando a situação.
“As baleias estão passando pela costa do Rio de Janeiro quase todo dia neste mês de junho.E neste momento também está acontecendo a pesca de arrasto com redes que levam tudo que tem no fundo do mar! Estão arrastando rede a 100 metros da costa”, diz a postagem.
Os pescadores também cobraram fiscalização dos órgãos competentes. “Essa atividade causa extremo desequilíbrio nos oceanos! Precisamos proteger nosso bioma costeiro assim como as atividades dos pequenos pescadores artesanais! Cadê a fiscalização?”.
Em conversa com o jornal O Dia, o presidente do Inmar, Marcio dos Santos, explicou que a prática da pesca de arrasto na região prejudica a migração das baleias, a vida de animais marinhos que não deveriam ser pescados e as atividades de pescadores artesanais.
“[Pesca de arrasto] causa um deserto no oceano, pesca peixes em período de desova, leva as redes pequenas dos pescadores. Para a fauna marinha, o prejuízo também é gigantesco, porque leva tudo: tartaruga, golfinho, o que tiver na reta… A costa do Rio é caminho natural de baleias jubarte, rota migratória. Com as grandes embarcações, isso vai interromper e elas vão mudar de rota por causa da movimentação, do barulho. Não é a primeira vez, são reincidentes. A fiscalização é quase nula”.
Marcio também disse que está todo mundo querendo ver as baleias, mas ninguém está preocupado com os problemas que elas estão enfrentando.
“Essas embarcações estão exatamente na rota delas. Todos querem assistir ao espetáculo, mas a fiscalização ficou para depois. Não é sensacionalismo, é um problema real. É um perigo para as baleias”.
Em nota à imprensa, a Marinha disse que incentiva e considera fundamental a participação da sociedade.
“As contribuições podem ser feitas pelos seguintes telefones: 185 (emergências marítimas e fluviais, além de pedidos de auxílio), (21) 2104-5480 e (21) 97299-8300 (contato direto com a CPRJ para outros assuntos, inclusive denúncias)”.
Por que as baleias vêm pro Brasil?
Segundo a Sea Shepherd Brasil, Organização Não-Governamental global que atua na defesa do oceano e da vida aquática, as baleias vêm ao país no inverno em busca de águas mais quentes que as da Antártica e preferem lugares como Abrolhos (BA), Arraial do Cabo (RJ), Vitória (ES), e Ilhabela (SP).
Por aqui elas se reproduzem e os filhotes se desenvolvem melhor, por terem uma camada de pele mais fina e haver menor incidência de predadores.
As jubartes, em especial, podem percorrer até 4 mil quilômetros na rota de migração.
Terminado o período de reprodução, elas voltam para a Antártica, onde irão se alimentar em especial de krill (pequeno crustáceo) e se preparar para a próxima temporada.