A estatal chinesa Norinco (China North Industries Corporation), gigante mundial da indústria de armas, enviou uma carta a autoridades brasileiras comunicando seu interesse em adquirir 49% das ações da Avibras Aeroespacial. As negociações foram reveladas neste sábado, 15 de junho, pela Folha de São Paulo.
A Norinco exporta diversos sistemas de defesa antiaérea, blindados anfíbios e bombas aéreas, além de fabricar veículos, atuar em produtos químicos, no setor de petróleo e projetos de construção civil chineses.
Já a Avibras é considerada a principal fabricante de sistemas pesados de defesa do Brasil e a principal fornecedora brasileira de mísseis e foguetes para o Exército.
Ela ainda é a única responsável por fornecer munições para o Sistema Astros, um dos projetos estratégicos de defesa da Força.
A Avibras também desenvolve atualmente o primeiro míssil tático de cruzeiro brasileiro. O projétil tem a capacidade de atingir 300 km de distância e está em fase de testes. Principal foco de aquisição do Exército para a tática militar de antiacesso, ele normalmente é utilizado pra evitar a entrada de inimigos em território nacional.
Segundo apurou a reportagem da Folha, o interesse da Norinco foi apresentado ao governo brasileiro após o grupo australiano DefendTex desistir das negociações com a Avibras em razão de dificuldades de conseguir financiamento junto ao governo australiano.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já tinha afirmado na quinta-feira, 13 de junho, que recebeu carta de um grupo estrangeiro interessado em negociar com a Avibras. A afirmação, segundo a Folha, foi feita numa reunião com ex-ministros da Defesa.
“Hoje apareceu um novo candidato. Recebi uma carta de uma empresa de outro país, muito forte, com interesse em chegar com 49% [das ações]. Estamos trabalhando para que isso aconteça”.
Segundo oficiais-generais ouvidos pela Folha, há questões legais a serem avaliadas, assim como o enquadramento da possível aquisição à legislação brasileira.
A Avibras pediu recuperação judicial em 2022 e já demitiu centenas de funcionários. Os que ficaram estão com os salários atrasados. Em 2023, o presidente Lula determinou que Geraldo Alckmin e Múcio estudassem alternativas pra evitar o fechamento da empresa.