O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi libertado após se declarar culpado de uma única acusação de espionagem em um tribunal de Saipan. A declaração de Assange faz parte de um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O acordo permitiu que Assange finalmente retornasse à sua terra natal, a Austrália.
Assange, de 52 anos, admitiu uma única acusação de conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA.
A juíza distrital dos EUA, Ramona Manglona, condenou Assange a cinco anos e dois meses de prisão. No entanto, trata-se de um período que ele já cumpriu enquanto esteve preso no Reino Unido lutando contra a extradição para os EUA. De acordo com a juíza, “com este pronunciamento, parece que Assange conseguirá sair deste tribunal como um homem livre”.
Chegada ao Tribunal
Assange chegou ao tribunal sorrindo, acompanhado por sua equipe jurídica e pelo embaixador da Austrália nos Estados Unidos, Kevin Rudd, ex-primeiro-ministro. O fundador do WikiLeaks afirmou ao tribunal que acredita que a Lei de Espionagem que o acusou contradiz sobretudo os direitos da Primeira Emenda da Constituição dos EUA. No entanto, Assange aceitou que encorajar fontes a fornecer informações confidenciais para publicação poderia ser uma atividade ilegal. Como parte do acordo, ele deverá destruir as informações fornecidas ao WikiLeaks.
Saipan foi escolhido como local para o tribunal devido à oposição de Assange em viajar para o continente americano, além da proximidade com sua casa na Austrália.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, descreveu a audiência como um “desenvolvimento bem-vindo” e afirmou que a Austrália utilizou “todos os canais apropriados” para apoiar um “resultado positivo” no caso.
Albanese também enfatizou que o caso de Assange se arrastou por muito tempo e que não havia nada a ganhar com a continuação de seu encarceramento. O primeiro-ministro expressou seu desejo de que o acusado fosse levado imediatamente para casa, na Austrália.
A libertação de Assange marca o fim de uma batalha de 14 anos sobre o destino do especialista em informática. Seu site de compartilhamento de segredos, WikiLeaks, fez dele uma figura proeminente principalmente entre os defensores da liberdade de imprensa. De acordo com seus defensores, Assange atuou apenas como jornalista ao expor irregularidades militares dos EUA.
Assange passou mais de cinco anos numa prisão de segurança máxima no Reino Unido. Além disso, ele também passou sete anos na Embaixada do Equador em Londres, enquanto lutava contra acusações de crimes sexuais na Suécia e contra a extradição para os EUA, onde enfrentava 18 acusações criminais.