O presidente Lula disse ao UOL que pediu ao Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para avisar aos comandantes das Forças Armadas que não pensa em mexer na aposentadoria dos militares. A revelação foi feita na quarta-feira, 26 de junho.
“Eu falei pro Múcio: ‘pode avisar aos comandantes que isso nem passa pela minha cabeça”.
Entretanto, Lula também afirmou que não quer pressão. “Falei pra não ficarem pressionando”. Isso porque a intenção da equipe econômica de mexer com a aposentadoria militar causou inquietação nos quarteis e também entre os que já se aposentaram.
Não à toa, a pedido do próprio Múcio, um grupo informal com especialistas em previdência das 3 Forças elaborou um documento com o intuito de esclarecer os direitos previdenciários dos militares. Esse documento tem 24 páginas e justifica a diferenciação entre os sistemas de aposentadoria militar e civil.
Um dos trechos diz que “o militar encontra-se em disponibilidade permanente durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, podendo, inclusive, ter suas férias interrompidas nos casos de interesse da segurança nacional, de manutenção da ordem ou de extrema necessidade do serviço”.
Múcio confirma que passou o recado do presidente
Segundo apurou o UOL, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica já foram avisados.
A possibilidade das mudanças na aposentadoria dos militares foi levantada inicialmente pela equipe econômica, liderada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. O plano da ministra era incluir a revisão no pacote de corte de gastos que ela e o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregarão a Lula em julho.
Questionado pelo UOL, Múcio confirmou que passou a mensagem de Lula adiante.
“Eu passei para os comandantes. O presidente Lula sabe que o regime dos militares é diferente. E disse mesmo que é algo que não passa pela cabeça dele de jeito nenhum, que não está no radar”.
Para Múcio, não há razões pra mexer na aposentadoria dos militares de forma isolada, sem uma discussão mais ampla com as Forças Armadas.
“Os militares são diferentes dos civis. Não há na lei deles hora extra, por exemplo, há mobilidades geográficas e eles têm que estar sempre de prontidão”.