Há exatos 80 anos, no dia 2 de julho de 1944, o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarcava rumo à Itália. O navio General Mann partiu do porto do Rio de Janeiro, com destino a Nápoles, onde chegou duas semanas depois.
Os primeiros 5.075 soldados brasileiros embarcaram para defender a liberdade contra a ameaça nazifascista. Nos meses seguintes, mais de 20 mil expedicionários seguiriam o mesmo caminho, divididos em outros quatro escalões.
Operação secreta
Em maio de 1944, o Comandante da FEB, General Mascarenhas de Moraes, recebeu a confirmação de que o primeiro grupo de combatentes partiria para a Europa na segunda quinzena de junho. Preparativos intensivos foram realizados na Vila Militar do Rio de Janeiro, com exercícios simulando sobretudo operações de embarque, controle de identidade e treinamento de embarque.
O sigilo era crucial para a operação. Os soldados da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) foram divididos em três grupamentos táticos. Na noite de 29 para 30 de junho de 1944, os primeiros e terceiros grupamentos se deslocaram para Santa Cruz e Recreio dos Bandeirantes, respectivamente. O segundo grupamento, comandado pelo General Zenóbio da Costa, partiu em trens para o cais do porto do Rio, com destino à Itália.
A operação foi mantida em segredo, com vagões escurecidos e janelas fechadas. O Presidente Getúlio Vargas e o Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, compareceram ao porto para se despedir dos soldados na noite de 30 de junho. O General Mann zarpou às 06h30 do dia 2 de julho de 1944, levando 5.075 militares, incluindo 304 oficiais e alguns civis. A composição do 1º Escalão incluía diversas unidades da 1ª DIE, desde infantaria e artilharia até serviços de saúde e logística.
Escolta pesada
A viagem a bordo do General Mann foi desafiadora. Escoltados por destróieres brasileiros e navios de guerra americanos até o Estreito de Gibraltar, e, posteriormente, por navios americanos e ingleses no Mediterrâneo, os soldados enfrentaram exercícios de alarme, noites escuras e abafadas. Além disso, a alimentação era totalmente diferente do que os soldados brasileiros estavam acostumados. Para aliviar as dificuldades, houve sessões de cinema, jogos e apoio espiritual de capelães, além de uma camaradagem crescente entre marujos americanos e expedicionários brasileiros.
Na manhã de 16 de julho de 1944, os soldados avistaram o Monte Vesúvio e descobriram seu destino final: Nápoles. Começava então a saga da FEB em solo italiano, marcada por bravura e sacrifício.