Fotografia na investigação criminal: a arte de capturar a verdade
A fotografia forense é uma ferramenta vital na investigação criminal, capaz de registrar com precisão cenas de crime e fornecer evidências materiais essenciais para resolução de crimes. Recentemente, em uma excelente e esclarecedora live promovida pela Associação Brasileira de Segurança de Aviação (ABRAV), Washington Melo, fotógrafo criminalístico da polícia técnico-científica de Goiás, compartilhou suas vastas experiências e conhecimentos sobre o assunto.
Melo, segundo conta no vídeo, iniciou bem cedo sua bela trajetória no campo da fotografia, aos 13 anos de idade, já trabalhando como office boy em uma agência de publicidade. Anos mais tarde, em 1994, teve a oportunidade de trabalhar na gigantesca Fujifilm, uma experiência que – segundo explica – expandiu seu conhecimento técnico. Após um período de adversidades, ele encontrou seu caminho na fotografia criminalística, onde sua paixão por desafios e aprendizado contínuo se consolidou.
Um dos aspectos mais fascinantes da fotografia forense é a necessidade de se adaptar a novas técnicas e tecnologias. O fotógrafo destacou que a transição da fotografia tradicional para a forense requer um entendimento profundo das diferenças entre esses dois mundos. Enquanto a fotografia comercial visa a estética e a perfeição, a fotografia forense busca a exatidão e a objetividade.
A origem da fotografia forense remonta a tempos antigos, com filósofos como Platão e Aristóteles explorando conceitos de projeção de luz e imagem. Aristóteles, por exemplo, observou a projeção de uma imagem invertida ao passar luz por um pequeno orifício, um princípio fundamental para o desenvolvimento das câmeras escuras e, eventualmente, das câmeras fotográficas.
A evolução tecnológica trouxe avanços significativos, como o método de antropometria desenvolvido pelo policial francês Alphonse Bertillon no século XIX. Bertillon introduziu a padronização na fotografia de criminosos, com fotos de frente e perfil, um método que revolucionou a identificação criminal. Melo também ressaltou a importância de figuras como George Eastman, fundador da Kodak, que popularizou a fotografia, tornando-a acessível a todos.
Tecnologias modernas usadas na fotografia forense
A evolução contínua da tecnologia fotográfica desempenha um papel crucial na melhoria das investigações forenses. Melo destacou o uso de scanners de varredura 3D, que capturam imagens tridimensionais de cenas de crime, permitindo uma análise detalhada e precisa. Esses scanners proporcionam uma visão completa de 360 graus, facilitando a medição de elementos da cena com alta precisão.
Além disso, os drones equipados com câmeras RGB, lidar e multispectral revolucionaram a documentação de cenas de crime em áreas muito amplas ou de difícil acesso. Essas novas tecnologias permitem a captura de imagens detalhadas e até a análise de topografia, ajudando na investigação de incêndios e localização de corpos.
O perito menciona que durante algum tempo a fotografia era vista com desconfiança porque existia muita manipulação nos laboratórios: ” … eles manipulavam muito em laboratório alterava a imagem em laboratório para que fosse mais eh dramática para que fosse mais comercial e isso criava uma insegurança jurídica então a fotografia teve dificuldade de admissibilidade como prova técnica durante muitos muitas décadas mesmo depois de ter sido descoberta a máquina a a o setor judiciar tinha dificuldade de aceitar a fotografia né porque não tinha tinha procedimento não tinha método você ia para um local de crime desse daí os fotógrafos pisavam na mancha de sangue alterava a cena de crime para pegar uma foto mais dramática porque eles queriam vender jornal entendido entendeu Então … no campo da documentoscopia, equipamentos avançados como o VSC 9000 permitem a análise minuciosa de documentos, identificando fraudes com precisão. ”
Casos emblemáticos e reflexões profundas
Melo compartilhou um caso emblemático de sua carreira: a queda de um helicóptero da polícia civil de Goiás, que resultou na morte de colegas de trabalho. A perícia desse acidente envolveu uma extensa varredura do local e a coleta meticulosa de evidências. O uso de técnicas de fotografia panorâmica e a colaboração entre diferentes órgãos de segurança pública foram fundamentais para a condução da investigação.
A reflexão sobre a evolução da fotografia forense também leva em conta os desafios futuros, especialmente com o advento da inteligência artificial (IA) e a realidade aumentada. Melo acredita que, embora essas tecnologias tragam novos desafios, elas também oferecem oportunidades para aprimorar a precisão e a eficiência das investigações. A IA, por exemplo, pode ser utilizada para analisar grandes volumes de dados e identificar padrões que seriam imperceptíveis ao olho humano.
Vídeo completo da Associação Brasileira de Segurança de Aviação – ABRAVOO