O novo chefe do exército britânico, General Sir Roly Walker, emitiu um alerta contundente: o Reino Unido precisa estar preparado para uma guerra dentro de três anos e dobrar a letalidade de suas forças armadas, considerando as ameaças simultâneas de Rússia, China, Irã e Coreia do Norte. Em um comunicado à imprensa, Walker destacou que o Ocidente enfrenta um “eixo de tumulto” com ambições militares crescentes e que um conflito envolvendo uma dessas nações poderia desencadear uma “detonação significativa” em outro teatro de operações.
Ameaças Globais Emergentes
Walker ressaltou a necessidade de o Reino Unido e seus aliados estarem prontos “para deter ou lutar uma guerra em três anos”, baseando-se em julgamentos rigorosos sobre a hostilidade da China em relação a Taiwan, as ambições nucleares do Irã e a militarização da Rússia, evidenciada pela invasão da Ucrânia. O general mencionou avaliações dos Estados Unidos indicando que o presidente chinês, Xi Jinping, ordenou que o exército do país estivesse preparado para invadir Taiwan em 2027, além das preocupações de que o Irã possa romper o acordo nuclear que visa impedir o desenvolvimento de armas atômicas.
Ambição Militar e Inovação Tecnológica
Em um discurso subsequente, Walker delineou sua “ambição ousada” de dobrar o poder de combate do exército britânico em três anos e triplicá-lo até o final da década, não por meio de recursos adicionais, mas utilizando tecnologia e técnicas desenvolvidas nos campos de batalha da Ucrânia, como drones e inteligência artificial. Ele argumentou que a interdependência crescente entre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte, exemplificada no conflito ucraniano, onde Irã e Coreia do Norte forneceram armas e a China componentes para apoiar o esforço militar de Moscou, torna a gestão de crises envolvendo qualquer um desses atores extremamente complexa.
Necessidade de Poder Militar Credível
Walker enfatizou que “não estamos em um caminho inexorável para a guerra”, mas sublinhou a urgência de restaurar um poder militar credível para garantir a dissuasão, especialmente em um momento em que o governo trabalhista iniciou uma revisão estratégica de defesa após as eleições. Sir George Robertson, ex-secretário-geral da OTAN, também alertou recentemente sobre o “quarteto mortal” composto por China, Rússia, Irã e Coreia do Norte, sugerindo que a ideia de colaboração crescente entre esses países é amplamente compartilhada nos círculos de segurança.
Desafios e Investimentos Fututos
Os comentários de Walker surgem em um momento em que o exército britânico está no menor tamanho dos últimos 300 anos, tendo doado tanques, mísseis, artilharia e grandes quantidades de munição para a Ucrânia. Embora o governo trabalhista tenha concordado em aumentar os gastos com defesa dos atuais 2,32% do PIB – £64,6 bilhões – para 2,5%, ainda não há um cronograma definido. Ministros querem revisar as finanças do país antes de decidir sobre o possível aumento, enquanto os conservadores anteriormente se comprometeram a alcançar essa meta até 2030.
Embora Walker não tenha pedido imediatamente mais fundos, seu superior, o Almirante Sir Tony Radakin, chefe do Estado-Maior de Defesa, afirmou que o exército britânico poderia justificar investimentos extras se sua eficácia melhorasse. Radakin destacou que “a política responde a razões positivas para investir” e argumentou que quanto mais “a ambição cresce”, mais o exército poderia “justificar um caso para um exército mais forte e mais capaz”.
Desafios de Recrutamento e Percepção Pública
Radakin não pediu um retorno ao serviço nacional, uma promessa surpresa feita pelos conservadores derrotados nas eleições, e afirmou que a segurança nacional do Reino Unido não depende de um exército ampliado por jovens recrutas. Ele comparou a situação britânica com a da Polônia, que está dobrando o tamanho de seu exército, e dos estados bálticos e nórdicos, que estão discutindo a resiliência em massa e o recrutamento, devido à proximidade com a Rússia.
Por fim, Walker expressou preocupação de que os britânicos não pareçam tão dispostos a lutar por seu país quanto aqueles mais a leste na Europa. “O problema é que não pensamos que temos um problema”, concluiu.