Explore a fascinante história do Navio Almirante Câmara, um veterano das missões da Marinha dos Estados Unidos e da Marinha do Brasil, agora deixado ao abandono nas margens do Rio Itajaí-Açu.
Da Construção à Primeira Missão
O Navio Almirante Câmara iniciou sua construção em 23 de agosto de 1962, pela Marieta Company, na Virgínia Ocidental, EUA. Com o casco número 911, foi o primeiro de três navios desse tipo encomendados pela Marinha dos Estados Unidos. O navio foi lançado ao mar em 14 de setembro de 1963, com patrocínio de Miss Priscila Sands, e aceito pela Marinha dos EUA, entrando em serviço no Serviço de Transporte Marítimo Militar em 2 de fevereiro de 1965, sob o comando do Capitão Jorge W.
Serviço na Marinha dos Estados Unidos
Batizado como Sands, o navio realizou várias missões de pesquisa geofísica oceanográfica e experimentos de propagação de som subaquático. Uma de suas missões notáveis, nos anos 70, envolveu o deslocamento de grandes arranjos acústicos verticais no Atlântico Tropical, permitindo a coleta de dados acústicos por vários meses.
Transição para a Marinha do Brasil
Em 1º de julho de 1974, o navio foi alugado pela Marinha do Brasil, recebendo o nome de Navio Almirante Câmara, em homenagem ao Almirante Antônio Alves Câmara Júnior, um grande incentivador da hidrografia brasileira. Em 1990, a Marinha do Brasil adquiriu o navio definitivamente. O Almirante Câmara participou de pesquisas no Atlântico Sul e missões de apoio ao programa Antártico Brasileiro, além de colaborar com a Marinha dos Estados Unidos em diversas operações.
Aposentadoria e Declínio
Descomissionado em 7 de agosto de 2003 na Base Naval do Rio de Janeiro, o Navio Almirante Câmara foi vendido em leilão por 425 mil reais. Um empresário do Vale do Itajaí adquiriu o navio com a intenção de transformá-lo em um iate, mas o projeto não avançou devido a dificuldades financeiras. Atualmente, o navio está abandonado às margens do Rio Itajaí-Açu.
Especificações Técnicas
O Navio Almirante Câmara tem 63,70 metros de comprimento, 11,89 metros de boca e 4,90 metros de calado. Sua propulsão original era fornecida por dois motores diesel Caterpillar D-378 e um motor elétrico, totalizando 1.000 shp, acoplados a um eixo com hélice de passo controlável. Além disso, o navio era equipado com Bow Thruster e um propulsor auxiliar de manobra acionado por uma turbina a gás de 620 hp. Com capacidade para 211 toneladas de combustível, o navio podia alcançar uma velocidade máxima de 13,5 nós e tinha um raio de ação de 10 mil milhas náuticas a 12 nós. Sua tripulação podia comportar até 41 homens, incluindo 8 oficiais, 18 praças e 15 oceanógrafos.
O Fim de uma Era
O Navio Almirante Câmara representa não apenas um capítulo significativo na história da Marinha do Brasil, mas também um testemunho do passado glorioso das missões navais. Apesar de seu estado atual de abandono, o navio ainda ressoa com as histórias de bravura e exploração científica que marcaram sua trajetória. A história do Navio Almirante Câmara da Marinha do Brasil é um lembrete de como as glórias passadas podem se perder nas margens do tempo, esperando por uma nova chance de renascer.