Em seu site, o Instituto Vladimir Herzog (IVH) é definido como uma organização da sociedade civil criada em junho de 2009 para celebrar a vida e o legado de Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar que dominou o Brasil entre 1964 e 1985.
A instituição tem como missão trabalhar com a sociedade pela defesa dos valores da Democracia, dos Direitos Humanos e da Liberdade de Expressão.
O Instituto Vladimir Herzog soltou uma nota nesta semana demonstrando novamente profunda preocupação com o avanço do projeto de lei das escolas cívico-militares na rede pública do Estado de São Paulo.
Na quinta-feira (18), conforme noticiamos ontem na Revista Sociedade Militar, a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP) divulgou um edital para a abertura de uma consulta pública para saber a opinião da comunidade escolar sobre a implementação do novo modelo de ensino.
Tendo a Seduc listado as escolas estaduais passíveis de participar do processo de escuta, despertou a atenção, e conforme a nota do IVH, também “indignação” a presença da Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, localizada em São Bernardo do Campo, na lista das unidades de ensino interessadas em atuar no modelo das escolas cívico-militares.
Projeto das escolas cívico-militares é “de cunho autoritário e abominável, além de desrespeitar e ferir a história”
Segundo o IVH, “a mera cogitação de que seja militarizada uma escola que leva o nome de Vladimir Herzog“, é uma afronta inadmissível.
Herzog foi um jornalista brutalmente assassinado por agentes da ditadura civil militar instaurada em 1964.
O Instituto afirma que o projeto das ECM é “de cunho autoritário e abominável“, além de desrespeitar e ferir a história, “o legado e os valores democráticos defendidos por Vlado em vida”.
Declarando-se como “organização da sociedade civil que, há mais de uma década, atua com Educação em Direitos Humanos“, o IVH diz na nota reiterar a posição de que “esse projeto não possui respaldo pedagógico e desconsidera a pluralidade e a liberdade de ensino, princípios fundamentais para a formação cidadã dos jovens.”
Afirma ainda que as escolas cívico-militares são “um retrocesso e um obstáculo à educação pública inclusiva e de qualidade.”
Militares, que no passado perpetraram um golpe de estado e implementaram a censura no país, não devem ter lugar em nossas escolas
A publicação prossegue dizendo que o Instituto Vladimir Herzog, “organização comprometida com os valores democráticos e que há 15 anos preserva o legado de vida de Vlado“, não poupará esforços para impedir que esse projeto seja implementado na escola em questão.”
“Esse projeto de poder, que busca promover o apagamento da nossa história de violência, não prosperará enquanto verdade. Militares, que no passado perpetraram um golpe de estado e implementaram a censura no país, não devem ter lugar em nossas escolas.”
A nota termina fazendo um convite “a toda a comunidade escolar, entidades educacionais, organizações de direitos humanos e todos os cidadãos comprometidos com a democracia” para que se manifestarem contra a militarização das escolas públicas.