As tensões na fronteira entre Israel e Líbano atingiram níveis alarmantes após a aprovação do gabinete de segurança israelense para uma resposta militar ao ataque com foguete vindo do Líbano que resultou na morte de 12 crianças e adolescentes na vila árabe drusa de Majdal Shams, localizada nas Colinas de Golã. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, receberam a autorização para decidir sobre a natureza e o momento da retaliação.
Em visita ao local do ataque, Netanyahu declarou: “Essas crianças são nossas crianças, as crianças de todos nós. Israel não pode e não vai deixar isso passar e seguir como se nada tivesse acontecido. Nossa resposta está chegando, e será severa.”
Comunidade internacional apela por moderação
Enquanto a expectativa por uma escalada nas hostilidades crescia, a Casa Branca instou Israel a exercer moderação em sua resposta. John F. Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, afirmou que “Israel tem o direito de se defender — nenhuma nação deve viver com esse tipo de ameaça. Ao mesmo tempo, acreditamos que ainda há espaço para uma solução diplomática. Ninguém quer uma guerra mais ampla, e estamos confiantes de que conseguiremos evitar tal desfecho.”
O apelo por cautela reflete a preocupação global de que uma retaliação severa possa desencadear um conflito mais amplo na região, envolvendo não apenas Israel e Líbano, mas potencialmente outros países.
Escalação do conflito e negociações de paz estagnadas
As negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza permanecem paralisadas, com Israel e Hamas se acusando mutuamente pelo fracasso em chegar a um acordo. Em Roma, altos funcionários de Israel, Egito, Qatar e Estados Unidos tentaram, sem sucesso, mediar uma trégua. Hamas acusa Netanyahu de mudar constantemente os termos do acordo para procrastinar e evitar um entendimento.
A situação é agravada por incidentes de abuso entre militares israelenses e prisioneiros palestinos. Nove reservistas israelenses foram detidos sob suspeita de abuso grave de um detento palestino, o que pode aumentar ainda mais a tensão interna e internacional.
Hezbollah e o risco de guerra total
O ataque com foguete de sábado, atribuído a Hezbollah, foi o mais mortal em território controlado por Israel desde o início do conflito. Embora Hezbollah negue responsabilidade, Israel continua a acusar o grupo, que é apoiado pelo Irã e mantém uma forte presença no sul do Líbano.
Desde outubro, Israel e Hezbollah têm trocado milhares de mísseis através da fronteira, resultando em destruição generalizada, centenas de mortos e deslocados. Ambos os lados têm mostrado interesse em uma desescalada, mas as condições no terreno permanecem voláteis.
A influência externa e o papel da Turquia
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sugeriu que a Turquia poderia intervir em Israel em apoio aos palestinos, aumentando a retórica contra o estado judeu. No entanto, suas declarações são vistas mais como uma tentativa de mobilizar apoio interno do que um plano concreto de ação.
O contexto das Colinas de Golã
As Colinas de Golã, uma área estratégica para Israel, foram ocupadas durante a Guerra dos Seis Dias em 1967 e anexadas em 1981, embora a anexação nunca tenha sido reconhecida pela ONU. A região oferece uma vantagem estratégica sobre Síria e Líbano, sendo uma área crítica para a segurança israelense.
Com a aprovação da resposta militar e a tensão crescente, o mundo observa com apreensão o desenrolar dos acontecimentos, esperando que a diplomacia consiga, mais uma vez, evitar uma guerra devastadora na região.
Fonte: nytimes