O ministro da Defesa, José Múcio, teria avisado a colegas de governo que não vai admitir que militares sejam envolvidos em embates ideológicos com membros da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.
Ainda segundo Gadelha, nos bastidores Múcio não esconde seu incômodo com a recriação do colegiado por Lula e só teria sido avisado da decisão na véspera e de forma indireta (por meio da Casa Civil).
Publicamente, no entanto, o ministro afirmou que as Forças Armadas vão colaborar com a comissão e que a recriação dela não foi uma surpresa.
“Já estávamos esperando e estamos prontos para colaborar na retomada dos trabalhos da comissão”.
Em entrevista ao G1, um assessor do comandante do Exército, Tomás Paiva, disse que no Comando da Força Terrestre o assunto é visto como uma questão humanitária com a finalidade de elucidar fatos que possam levar paz e tranquilidade às famílias enlutadas há tantos anos, além de garantir a devida reparação financeira por violações e crimes cometidos pelo Estado.
O fórum foi encerrado em dezembro de 2022 no governo de Jair Bolsonaro e reinstalado em 4 de julho, por iniciativa do presidente Lula e pressão do Ministério Público Federal, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e ativistas dos Direitos Humanos.
Entre outras atribuições, cabe à comissão mobilizar esforços pra localizar os restos mortais de 144 vítimas do regime militar que ainda seguem desaparecidos e dar o devido parecer sobre indenização a familiares.