O Reino Unido deve se preparar para um possível conflito militar dentro de três anos, alertou o novo chefe do Exército Britânico, General Sir Roland Walker. Em seu primeiro discurso na função, realizado na terça-feira durante a conferência de guerra terrestre do Royal United Services Institute, o General Walker ressaltou a necessidade urgente de modernização e fortalecimento das forças armadas britânicas frente a um cenário global cada vez mais instável.
Ameaças Crescentes e um Mundo Volátil
O General Walker destacou uma série de ameaças que o Reino Unido poderá enfrentar nos próximos anos, mencionando especificamente a Rússia, a China e o Irã.
Ele enfatizou que a Rússia, independente do desfecho da guerra na Ucrânia, continuará sendo uma ameaça significativa, buscando retribuição contra o Ocidente por seu apoio a Kiev. “Não importa como termina. Acredito que a Rússia emergirá provavelmente mais fraca objetivamente, mas ainda muito perigosa e desejando alguma forma de retribuição pelo que fizemos para ajudar a Ucrânia”, afirmou Walker.
Além disso, Walker alertou sobre as intenções da China em retomar Taiwan e a possível busca do Irã por armas nucleares.
Ele observou que essas ameaças podem se tornar particularmente agudas nos próximos três anos, especialmente devido ao relacionamento transacional mútuo que essas nações têm estabelecido, compartilhando armas e tecnologia desde o início da guerra na Ucrânia.
A Estratégia de Deterrência e a Necessidade de Modernização
Apesar do tom alarmante, o General Walker afirmou que a guerra não é inevitável, contanto que o Reino Unido reestabeleça forças terrestres credíveis para sustentar sua estratégia de dissuasão. “O caminho para a guerra não é inexorável se reestabelecermos forças terrestres credíveis”, disse ele.
Walker não fez um apelo direto por mais financiamento ou tropas, mas ressaltou a importância de uma modernização rápida do Exército Britânico. Ele defendeu uma abordagem focada em tecnologia, como Inteligência Artificial e poder de fogo, ao invés de números. A ambição do General é que o Exército Britânico seja capaz de destruir um inimigo três vezes maior em tamanho, um objetivo que ele acredita ser alcançável aprendendo as lições do conflito na Ucrânia.
Revisão de Defesa e Estado Atual das Forças Armadas
O discurso do General Walker ocorre uma semana após o governo britânico lançar uma revisão de defesa abrangente, descrita pelo Secretário de Defesa John Healey como necessária para enfrentar os desafios atuais das forças armadas. Healey criticou o estado “esvaziado” das forças armadas, destacando a necessidade de eliminar desperdícios em aquisições e melhorar o moral dos militares.
Atualmente, o Exército Britânico possui 75.325 membros, excluindo Gurkhas e voluntários, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Defesa de abril de 2024. Esse número tem diminuído nos últimos anos devido à falha no recrutamento para compensar as taxas de retenção. A meta de efetivo foi reduzida de 82.000 para 72.500 até 2025 pelo governo anterior.
Compromissos de Defesa e Gastos
Os membros da aliança militar da OTAN comprometeram-se a gastar pelo menos 2% do PIB em defesa por ano até 2024, embora várias nações ainda não tenham atingido essa meta. O Reino Unido atualmente gasta 2,3% de seu PIB em defesa, e o Primeiro-Ministro Sir Keir Starmer afirmou anteriormente que a revisão de defesa estabelecerá um “mapa” para aumentar essa porcentagem para 2,5%, embora ainda não tenha definido um cronograma para esse compromisso.
O alerta do General Walker sublinha a urgência de ações para garantir que o Reino Unido esteja preparado para enfrentar as ameaças emergentes e manter sua posição de dissuasão em um mundo cada vez mais volátil.