Em um movimento estratégico que promete alterar o equilíbrio de poder naval, a Rússia está apostando alto no desenvolvimento e implantação de mísseis hipersônicos Zircon, projetados para destruir alvos críticos, incluindo porta-aviões dos Estados Unidos. Este avanço marca um novo capítulo na corrida armamentista global e coloca os super porta-aviões americanos sob uma nova ameaça significativa.
A Nova Ameaça Hipersônica
Em 21 de novembro do ano passado, Sergei Shoigu, Ministro da Defesa da Rússia, incitou os estaleiros navais do país a construírem navios multifuncionais equipados com sistemas de mísseis de alta precisão, capazes de destruir infraestruturas críticas e alvos navais, como grupos de porta-aviões. Shoigu também enfatizou a necessidade de manter todos os componentes das forças nucleares estratégicas em constante prontidão.
Os grupos de porta-aviões dos EUA são essenciais para a manutenção da supremacia global americana, e a Rússia parece ter tomado nota. No entanto, a tarefa de destruir um porta-aviões não é trivial.
Desafio na Destruição de um Porta-Aviões
Os porta-aviões operam como grupos de ataque, compostos por outros navios de guerra e de apoio, equipados com um sistema de defesa em camadas que inclui sistemas de armas de curto alcance (CIWS), mísseis de médio alcance e sistemas de defesa aérea de longo alcance. Além disso, a marinha americana monitora continuamente o espaço aéreo ao redor dos grupos de porta-aviões com plataformas AEW&CS embarcadas.
Mísseis de cruzeiro subsônicos, como o Kalibr, não representam uma ameaça significativa para um porta-aviões, sendo facilmente detectados e destruídos antes de chegarem perto do grupo de ataque, mesmo em um ataque de saturação.
Capacidade Antiaérea Baseada em Navios da Marinha Russa
Atualmente, os navios da Marinha Russa implantam apenas um sistema de armas dedicado a afundar porta-aviões americanos – o míssil P-700 Granit (SS-N-19 ‘Shipwreck’). Este míssil de 7.000 kg, com uma ogiva de 750 kg, pode voar a velocidades de até Mach 2.5+ em alta altitude, possuindo uma capacidade destrutiva significativa mesmo com uma ogiva convencional.
No entanto, apenas dois cruzadores da classe Kirov – Pyotr Velikiy e Admiral Nakhimov – estão operacionais na Marinha Russa, limitando a ameaça que esses mísseis representam devido ao conhecimento constante da Marinha dos EUA sobre a localização desses navios.
O Míssil Oniks e suas Limitações
Os mísseis P-800 Oniks, com alta velocidade supersônica e manobrabilidade, têm uma chance maior de penetrar as defesas de um grupo de porta-aviões, mas sua ogiva de 300 kg é significativamente menor que a do Granit. O resultado de um engajamento dependeria das circunstâncias específicas e das contramedidas empregadas pelo grupo de ataque do porta-aviões.
O Avanço do Míssil Hipersônico Zircon
O verdadeiro diferencial vem com o míssil hipersônico 3M22 Zircon, que pode atingir velocidades de até Mach 8 e alvos a distâncias de 500 a 1000 km. O Zircon será quase impossível de interceptar pelas defesas aéreas dos grupos de porta-aviões.
O primeiro navio da Marinha Russa a ser equipado com mísseis Zircon será a fragata Admiral Golovko, parte do Projeto 22350. Este projeto inclui navios equipados com células VLS 3S14, capazes de lançar mísseis Kalibr, Oniks ou Zircon. O Admiral Golovko está programado para ser transferido para a Marinha Russa ainda este ano.
Implicações Estratégicas
A implantação do Zircon em fragatas do Projeto 22350 e em destróieres da classe Udaloy modernizados sugere que a Rússia está determinada a construir uma capacidade antiaérea robusta. Além disso, a integração do Zircon em submarinos da classe Yasen e Oscar modernizados amplifica ainda mais a ameaça para os grupos de porta-aviões dos EUA.
A Rússia está, portanto, prestes a alterar significativamente a dinâmica do poder naval global, apresentando uma ameaça formidável aos porta-aviões americanos com o míssil hipersônico Zircon, redefinindo as capacidades de ataque e defesa em alto-mar.
Fonte: EurAsian Times