O governo chinês tem intensificado seus esforços para promover a educação militar entre as crianças, com o objetivo de fortalecer o patriotismo e a disciplina desde cedo. Essa iniciativa faz parte de uma campanha mais ampla de nacionalismo, impulsionada pela crescente tensão entre China e Taiwan, e pelo desejo do governo de aumentar a prontidão militar da população.
Na Escola Primária Afiliada à Universidade Jiaotong de Pequim, crianças de apenas seis ou sete anos são vistas segurando réplicas de armas, vestindo coletes à prova de balas falsos e capacetes militares. Em fotos divulgadas online, os alunos são mostrados realizando exercícios militares, saudando soldados visitantes e formando frases patrióticas em campos esportivos. Essa escola é apenas uma entre milhares designadas como “escolas modelo para educação de defesa nacional”, parte de um esforço para aumentar a conscientização e as habilidades militares entre a população chinesa.
O Ministério da Educação da China e a Comissão Central Militar anunciaram em janeiro um aumento significativo no número de “escolas modelo”, e alterações legais estão em andamento para estender o treinamento militar obrigatório a estudantes com menos de 15 anos. Em abril, uma proposta de emenda à Lei de Educação de Defesa Nacional foi apresentada ao Congresso Nacional do Povo, que visa tornar o treinamento militar básico obrigatório em escolas secundárias e instituições de ensino superior, permitindo, pela primeira vez, sua aplicação a alunos mais jovens.
Sob a liderança de Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês (PCC) tem intensificado suas políticas de militarização civil, refletindo um aumento do nacionalismo no país. Para analistas, a promoção da educação militar desde a infância normaliza a postura cada vez mais agressiva da China em sua política externa, preparando psicologicamente a população para um eventual conflito armado.
A experiência da guerra na Ucrânia também influenciou a abordagem do governo chinês, que busca garantir que sua população esteja pronta para uma rápida mobilização em caso de necessidade. Apesar dos avanços na modernização das forças armadas, a China ainda enfrenta desafios, como a corrupção e dificuldades no recrutamento, o que torna essa preparação civil ainda mais crucial.
A iniciativa de educação militar nas escolas também está ligada a um esforço maior do PCC para reforçar sua legitimidade interna, especialmente em um momento de desafios econômicos e sociais. Através da promoção do patriotismo e do respeito pelas forças armadas, o governo chinês busca fortalecer a coesão interna e obter o apoio da população.
Essa estratégia faz parte de uma campanha mais ampla que inclui, além da educação militar, uma ênfase renovada na segurança nacional e na educação patriótica, tanto no continente quanto em Hong Kong. Através dessas medidas, o governo chinês espera consolidar o apoio ao partido e preparar a nação para enfrentar uma variedade de crises no futuro.
Embora a eficácia dessas iniciativas na melhoria do recrutamento militar ainda não esteja clara, elas certamente têm contribuído para criar uma atmosfera de disciplina e patriotismo entre as gerações mais jovens. Especialistas acreditam que, além de preparar para a guerra, essas ações também visam a gestão de crises internas, fortalecendo o controle do PCC sobre a sociedade chinesa.
As ações do governo chinês refletem uma estratégia de longo prazo para garantir que, mesmo diante de desafios internos e externos, o partido continue a ter a capacidade de manter a ordem e proteger seus interesses, tanto em tempos de paz quanto em cenários de conflito.