A aproximação de Pablo Marçal com Jair Bolsonaro em momentos passados e a atual tentativa de afastamento por parte de alguns dos apoiadores do ex-presidente têm gerado uma polêmica crescente no contexto das eleições municipais de 2024. Marçal, influenciador, coach e empresário, conquistou espaço nos debates eleitorais e tem atraído a simpatia de uma parcela significativa dos eleitores conservadores, mesmo enfrentando resistência de figuras ligadas ao bolsonarismo.
Pablo Marçal tem 12.9 milhões de seguidores no Instagram, onde ostenta uma imagem ganhando a famosa e simbólica medalha de Bolsonaro como post fixo. A “condecoração” ocorreu no dia 5 de junho de 2024. A moeda dos “3 is” representa os conceitos muito mencionados pelo ex-presidente, que se declara “incomível, imbroxável e imorrível”.
Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, expressou recentemente em uma postagem no Twitter seu desconforto em relação ao apoio de alguns setores da direita a Marçal. Na mensagem, ele sugere que, apesar da resistência ao apoio a Ricardo Nunes (MDB), candidato oficial de Bolsonaro para a prefeitura de São Paulo, considera Maria Helena, do Partido NOVO, uma opção mais alinhada com a direita. Carlos também faz uma crítica velada a Marçal, sem mencioná-lo diretamente, ao afirmar que há um grupo que, sem histórico de contribuição ao movimento de direita, estaria tentando “anular a direita construída a duras penas”.
Diante de entendível resistência ao tal do Nunes, mas não me referindo ao pessoal que tem um projeto de poder e financeiro liderado por outro que nunca apresentou nada para ser considerado de direita, por mim se colocando propositalmente COM APOIO DE DETERMINADOS para tentar…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 23, 2024
A postagem de Carlos reflete uma preocupação com a possível fragmentação do eleitorado conservador e com a ascensão de Marçal, que muitos veem como uma ameaça à unidade desse grupo. Essa visão é corroborada por comentários feitos na postagem de Eduardo Bolsonaro no Instagram, onde o deputado disse que Marçal nas eleições passadas decidiu “ficar em cima de muro e lavar as mãos” o debate sobre o candidato Marçal gerou diversas reações.
Entre os comentários mais relevantes, um usuário destaca: “Marçal é um oportunista, se aproveitou da onda conservadora para se lançar na política, mas nunca esteve de fato do nosso lado”. Outro comentário sugere que “a direita precisa se unir, não podemos deixar que candidatos sem compromisso com nossos valores usem nossa bandeira para se promover”. Em contraponto, um apoiador de Marçal argumenta: “Vocês estão com medo porque o Marçal está falando a verdade que muita gente finge não ver. Precisamos de renovação na direita, não apenas dos mesmos nomes de sempre”.
A discussão nas redes ilustra a obvia divisão entre os eleitores conservadores, com uma parte mostrando resistência à narrativa apresentada pelos filhos do ex-presidente, enquanto outros defendem a exclusão de Marçal do espectro dos candidatos conservadores.
O próprio Marçal acabou discutindo com Bolsonaro nas redes sociais. Em resposta a post do ex-presidente, o coach disse que ajudou Bolsonaro com 100 mil reais na campanha passada, além de ensiná-lo a gravar vídeos: “Isso mesmo! Coloquei 100 mil reais na sua campanha pra presidente, te ajudei nas estratégias digitais, fiz você gravar mais de 800 vídeos no planalto. Entrei pra lista de investigados da PF por te ajudar. Se não existe o nós, seja mais claro. Entendo sua palavra ao Valdemar Costa Neto, mas a honra e a gratidão são frutos de um homem sensato. Todos os nossos desentendimentos foram resolvidos, almoçamos esses dias, você me deu a medalha e eu continuo te respeitando “
A questão da legitimidade e representatividade de Marçal dentro da direita brasileira continua a gerar discussões acaloradas e, ao que tudo indica, será um dos pontos centrais das eleições municipais em São Paulo até as próximas eleições. Há um momento de tensão dentro do campo conservador, e nas redes sociais percebe-se que muitos consideram que alianças passadas e apoios presentes precisam ser reavaliados à medida que figuras como Pablo Marçal, ganham relevância e desafiam o status quo estabelecido.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar