O Exército iniciou estudos detalhados para desenvolver seus planos estratégicos até 2040. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 6 de agosto, pela CNN.
Batizado de Força 40, o plano mapeou riscos geopolíticos da próxima década e meia. Os estudos, que seguem em andamento, vão apontar as necessidades de readequação do Exército em questões como capacidades operativas, doutrinas e necessidade de pessoal.
Ainda de acordo com a CNN, mais de 350 especialistas de diferentes áreas de conhecimento foram consultados ao longo de centenas de oitivas.
Ao final do processo, surgiram 10 características que deverão afetar o ambiente da Força Terrestre:
1 – Incremento da competição entre potências: maior conflitividade regional e estabelecimento de “guerras por procuração” (proxy wars), disputa por acesso a recursos naturais estratégicos, fragilização dos instrumentos de concertação internacional, aumento da sensação de desconfiança entre países, ampliação dos gastos militares.
2 – Aumento da dependência tecnológica em todos os segmentos: crescente automação e informatização das relações sociais e econômicas, dificuldade na identificação de agentes responsáveis por ações cibernéticas, concentração do poder digital, incremento das vulnerabilidades nos países que dependem das tecnologias empregadas para navegação e geoposicionamento.
3 – Agravamento das questões climáticas: risco de desestabilização social por causa de desastres naturais, redução da disponibilidade de recursos hídricos, novos movimentos migratórios, incremento da presença militar nos polos (Ártico e Antártica), mais operações civis e militares de ajuda humanitária.
4 – Aumento da polarização política: risco de fragilização política-institucional, mais pressão sobre as Forças Armadas para manutenção da ordem pública e institucional, aumento da mobilização popular, fortalecimento do crime organizado no contexto de Estados enfraquecidos.
5 – Incremento de tecnologias disruptivas aplicadas ao campo militar: emergência de uma quinta revolução industrial na década de 2030 e implementação progressiva ao longo da década de 2040, desenvolvimento contínuo da inteligência artificial e automação de processos robóticos.
6 – Intensificação da corrida especial por grandes e médias potências: incremento de dispositivos autônomos de emprego militar demandará crescente acesso a comunicações satelitais, aumento de serviços privados que exploram capacidades especiais, dificuldades na regulamentação do uso do espaço tensionam relações internacionais.
7 – Crime transnacional organizado: aumento da violência vinculada a grupos armados (demandando participação das Forças Armadas em operações na fronteira), aumento da violência urbana (demandando participação das Forças Armadas em operações de GLO), risco de associação do crime organizado com organizações terroristas.
8 – Ambiente de desinformação: incremento da manipulação da informação em favor do atingimento de objetivos políticos, econômicos, psicossociais e militares.
9 – Agravamento da desigualdade entre países: mais pobreza nas regiões menos desenvolvidas do mundo, aumento dos movimentos migratórios rumo a regiões mais desenvolvidas e ampliação de tensões sociais, maior importância dos recursos naturais como fonte de tensão entre nações.
10 – Mudança do perfil demográfico: envelhecimento progressivo e diminuição da população, urbanização acentuada dificulta situação socioeconômica de muitos países, dificuldades para o recrutamento militar.