Antônio Delfim Netto nasceu em 1º de maio de 1928 (dia do trabalhador) em São Paulo. Foi economista, professor universitário e político brasileiro. Delfim desempenhou papéis significativos em diferentes momentos da história do Brasil.
Foi ministro da Fazenda do Brasil de 1967 a 1974, durante os governos de Costa e Silva (1967-1969) e Emílio Médici (1969-1974). Ficou famoso por sua comparação do crescimento econômico a um bolo e foi o principal arquiteto do chamado “milagre brasileiro” (1968-1973), quando o Produto Nacional Bruto (PNB) crescia, em média, 10% ao ano.
Delfim Netto foi também embaixador do Brasil na França entre 1974 e 1978. Também foi ministro da Agricultura em 1979 e ministro do Planejamento de 1979 a 1985.
Além dessas passagens pelo Poder Executivo, foi deputado constituinte por São Paulo de 1987 a 1988 e deputado federal por São Paulo entre 1988 e 2007.
Delfim Netto desempenhou um papel importante na política econômica brasileira durante os anos de ditadura militar, mas também enfrentou controvérsias, como sua associação ao Ato Institucional nº5 (AI-5) e investigações relacionadas à Operação Lava Jato.
O BOLO ECONÔMICO DE DELFIM NETTO
Durante sua gestão no Ministério da Fazenda, Delfim Netto presidiu um período de notável desenvolvimento econômico internacional, conhecido no Brasil como os anos do “milagre econômico”.
Entre 1968 e 1973, o país experimentou um crescimento médio de 10% no Produto Nacional Bruto (PNB), uma queda na inflação e um aumento no poder aquisitivo tanto do empresariado quanto da classe média. Isso impulsionou o consumo e a produção de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis.
No entanto, ao final desse período, com o retorno da inflação, a dívida externa brasileira triplicou entre 1967 e 1972, e a desigualdade de renda se agravou, prejudicando especialmente a camada mais pobre da população.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1960, 20% dos brasileiros mais pobres detinham 3,9% do total da renda nacional. Vinte anos depois, em 1980, 20% da população mais pobre concentravam apenas 2,8% da renda produzida no país.
“O período do milagre econômico é um período de forte concentração de renda, tanto é que nesse período você tem a famosa frase que se atribui ao Delfim [Netto, ex-ministro da Fazenda] de que é preciso crescer para depois distribuir.
“Mas nós só conseguimos desconcentrar a renda a partir de meados do ano 2000”, o diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz em entrevista à Revista Exame.
Em 1979, quando assumiu a Secretaria de Planejamento, Delfim Netto enfrentou um cenário econômico menos favorável. Os anos finais da ditadura militar foram marcados pelo declínio da economia brasileira e pelo aumento significativo da dívida externa.
SEGUNDO DELFIM NETTO, O AI-5 ERA POUCO
Delfim Netto foi testemunha ocular da assinatura do Ato Institucional nº 5 – ele estava presente às reuniões. Ele não só foi testemunha como foi um dos que assinou o documento que deu ao presidente da República poderes supraconstitucionais.
A partir da edição do AI-5 o chefe do Executivo poderia decretar intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Segundo o site Memórias da Ditadura, o AI-5 era um disfarce legalista com métodos ilegais. A nova lei criou mais de 30 crimes contra a segurança nacional, entre eles:
- propaganda contra a ordem,
- organização de grupos de contestação,
- ações armadas ou não contra o Estado,
- agressão verbal à autoridades,
- auxílio a “potências estrangeiras”,
- ultraje aos símbolos nacionais,
- aliciamento para paralisações de funcionários públicos, etc.
Em matéria publicada pelo UOL em 2021, Delfim Netto disse que “voltaria a assinar o AI-5“. Durante a a assinatura do AI-5 ele disse:
“Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente”. Ele era o último signatário do ato ainda vivo.