O governo federal informou nesta terça-feira, 27 de agosto, que o ministro da Defesa José Múcio Monteiro anunciará o início do alistamento militar feminino voluntário no Brasil.
A medida, inédita nas Forças Armadas, será anunciada por Múcio durante evento de comemoração dos 25 anos do Ministério da Defesa, que acontecerá nesta quarta-feira, 28 de agosto.
Atualmente, as Forças Armadas recebem mulheres em seus quadros por meio dos cursos de formação de suboficiais e de oficiais. A mudança vai acontecer no alistamento a partir dos 18 anos, algo que até então era reservado apenas para homens, seja convocados ou voluntários.
Apesar do anúncio só acontecer nesta quarta-feira, a decisão de Múcio de permitir que as mulheres participem do alistamento militar pra carreira de soldado circula desde maio deste ano.
A previsão é de que as mulheres ingressem em 2026.
Em entrevista à Folha de São Paulo em 1º de junho, o ministro confirmou a medida.
“Nesse assunto, o Brasil deve muito. E não é para fazer serviço de enfermagem e escritório, é para a mulher entrar na infantaria. Queremos mulheres armadas até os dentes”.
Ainda há divergências sobre a quantidade de vagas que será reservada às mulheres. Mas relatos feitos à Folha de São Paulo por generais que participaram das reuniões do alto comando do Exército indicam que devem ser abertas de 1.000 a 2.000 vagas.
O plano é aumentar gradativamente as vagas até que elas cheguem a 5.000. Mas o ministro acha pouco. “Vou pedir uma programação para ver em quantos anos chegará aos 20%”.
Dados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do ano de 2020 mostram que os países que têm mais percentual de mulheres nas Forças Armadas são Hungria (20%), Estados Unidos (18%), Bulgária (17%), Grécia (16%), França (16%) e Canadá (16%).
Em 6 de julho deste ano se formaram as primeiras 114 mulheres fuzileiras navais da história da Marinha do Brasil. O evento celebrou também a concretização da presença de mulheres em todos os Corpos e Quadros da Força Naval, representando um marco na inclusão e na igualdade de oportunidades dentro das Forças Armadas brasileiras.
A psicóloga da FAB (Força Aérea Brasileira), Wildyrlaine Cristina Pretko, disse que o grande desinteresse por parte dos homens na carreira militar é um dos motivos para a abertura de vagas para mulheres.